A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez um alerta para os riscos à saúde pública trazidos pela crise climática e salientou que a falta de um compromisso global efetivo para enfrentar o problema dificulta a responsabilização direta pelo problema.
“Não temos como cuidar da nossa saúde em um planeta febril. E essa febre tem nome, tem uma razão”, salientou a ministra. A fala ocorreu na abertura da 5ª Conferência Global de Clima e Saúde, nesta terça-feira (29), em Brasília.
O encontro internacional, que acontece até esta quinta-feira (31), é promovido pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O objetivo é debater a construção de políticas de adaptação do setor de saúde frente aos efeitos das mudanças climáticas e está alinhado ao Plano de Ação em Saúde de Belém – proposta que o Brasil apresentará durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, na capital paraense.
Guerra silenciosa
A ministra Marina Silva também chamou a atenção para a “guerra silenciosa” que tem gerado a morte de milhares de crianças e idosos pelo mundo anualmente, devido às fortes ondas de calor, realidade que, apesar de grave, não tem sido priorizada pelas autoridades.
Segundo a ministra, “os dados, que são subdimensionados, nos dão conta de que mais de 500 mil pessoas em todo o mundo, a cada ano, perdem suas vidas em função de ondas de calor”, enquanto as perdas em função das guerras somam cerca de 260 mil mortos. Para ela, isso ocorre porque não é possível “estabelecer um sujeito direto para a responsabilização”.
Para enfrentar essa situação, Marina salientou a necessidade de que sejam implementadas as decisões já tomadas há 33 anos, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Eco-92, dentre as quais destacam-se a limitação do aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC e a viabilização dos meios para que os países em desenvolvimento possam fazer sua transição para um sistema sustentável.
Outro acordo importante lembrado pela ministra foi o firmado durante a COP28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2023. Na ocasião, ficaram estabelecidas a triplicação das energias renováveis e a duplicação da eficiência energética, estratégias imprescindíveis para a redução do uso de combustíveis fósseis e do desmatamento.
“Isso só será possível se, de forma justa e planejada, nós nos prepararmos. O presidente Lula tem o compromisso, aqui no Brasil, de desmatamento zero até 2030. Isso só foi possível de se estabelecer porque nós planejamos”, completou a ministra, ao citar o lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.
Segundo dados do MMA, a iniciativa resultou, nos primeiros dois anos de governo, em uma redução de 46% de desmatamento na Amazônia, de 32% no país, de 77% no Pantanal, e de 25% no Cerrado.
Por sua vez, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou que “vivemos um momento que não é apenas de urgência e emergência, mas de necessidade de mobilização para a transformação. Precisamos realizar um verdadeiro mutirão. Esse esforço coletivo é essencial, pois nenhuma pessoa ou país sozinho consegue promover as transformações necessárias”.
Articulação internacional pela saúde
Além dos debates, a 5ª Conferência Global de Clima e Saúde sedia o encontro anual da Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (Atach) e impulsiona a articulação internacional para a elaboração do Plano de Ação de Saúde de Belém.
A iniciativa estratégica prepara o Sistema Único de Saúde (SUS) para o enfrentamento dos impactos causados pela emergência climática na saúde dos brasileiros.
O plano deve ser lançado na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), no mês de novembro, em Belém (PA), e está estruturado em três linhas de ação: vigilância e monitoramento; estratégias políticas baseadas em evidências e capacitação; e inovação e produção. A proposta tem ainda dois eixos transversais: equidade em saúde e justiça climática; e liderança e governança com participação social.
Com agências