No debate promovido pela Fundação Maurício Grabois, no âmbito do Ciclo de Debates para o 16º Congresso do PCdoB, realizado na segunda-feira (28) no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, as Big Techs foram colocadas no centro da crise do capitalismo neoliberal, intensificando a financeirização, as desigualdades sociais e os ataques à soberania das nações, inclusive do Brasil. A mesa, mediada por Rosanita Campos e composta por Ergon Cugler, Davidson Magalhães, Sergio Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, analisou o papel dessas corporações como novos instrumentos do imperialismo contemporâneo.

As Big Techs, segundo o pesquisador Ergon Cugler, concentram um poder econômico avassalador, com as cinco maiores empresas somando US$ 13 trilhões em valor de mercado — seis vezes o PIB brasileiro. Esse arsenal financeiro e tecnológico as posiciona como “novos tentáculos do imperialismo”, exercendo poderes econômico, político, cognitivo, burocrático e até militar.

Cugler desmistificou a narrativa do “sucesso individual” do Vale do Silício, apontando que essas empresas se beneficiaram da apropriação de inovações públicas e de lobbies para consolidar monopólios globais. Sergio Cruz complementou, destacando que a tecnologia dessas corporações é usada para especulação financeira e controle político, limitando a soberania de nações periféricas.

A financeirização, aprofundada pelas Big Techs, foi um ponto central. Luiz Gonzaga Belluzzo explicou que a concentração de capital, uma tendência histórica do capitalismo, é agravada por essas empresas, que utilizam tecnologia para acumular riqueza em poucas mãos.

Davidson Magalhães destacou que, desde 2020, os cinco homens mais ricos do mundo dobraram suas fortunas, enquanto 5 bilhões de pessoas empobreceram, uma desigualdade impulsionada pela exploração de dados e pela dependência tecnológica.

Cugler alertou que os lucros dessas corporações, drenados de países como o Brasil, poderiam financiar políticas públicas, ciência e tecnologia nacional.

As Big Techs e a ameaça à soberania

No contexto da soberania, as Big Techs representam uma ameaça direta. Ergon Cugler citou a pressão contra o PL 2630 (Lei das Fake News) e contratos bilionários para tecnologias bélicas, como o projeto Lavender, que automatiza ataques militares com consequências letais, como visto em Gaza.

A dependência tecnológica, incluindo o controle de dados estratégicos como os do SUS, compromete a autonomia brasileira. Sergio Cruz conectou esse cenário à desindustrialização do Brasil, agravada por 35 anos de neoliberalismo, que fortalece a influência dessas corporações.

Os debatedores defenderam que o PCdoB lidere a luta por um projeto nacional de desenvolvimento que combata a influência das Big Techs, invista em tecnologia nacional e na reindustrialização. A mobilização popular e o apoio ao governo Lula foram apontados como essenciais para proteger a soberania e reduzir as desigualdades, promovendo um modelo de desenvolvimento que priorize o trabalho, a produção e a independência tecnológica do Brasil.

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Last Update: 29/07/2025