
Em 2022, durante seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma proposta entreguista a Elon Musk: acesso privilegiado ao nióbio brasileiro, mineral do qual o país detém 98% das reservas mundiais.
“Eu falei que o Brasil é o único país do mundo que detém 98% das reservas de nióbio. Então, ele acredita que no momento não é hora de investir nesse tipo de bateria, mas, se realmente esse estudo se mostrar promissor, com toda a certeza a empresa dele vai entrar firme”, revelou Bolsonaro na época sobre o encontro com o bilionário da Tesla.
Esta tentativa de aproximação estratégica entre o então presidente brasileiro e um dos maiores investidores da indústria tecnológica global ganha novo significado diante da recente movimentação do governo estadunidense. Nesta semana, representantes dos EUA demonstraram interesse formal em minerais estratégicos do Brasil, incluindo o nióbio que Bolsonaro tentou oferecer a Musk.
A reunião ocorrida na quarta-feira (23) entre Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA, e representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) revela que o interesse que Musk inicialmente deixou em standby pode agora se transformar em prioridade geopolítica.

“Foi demonstrado o interesse dos EUA nos chamados minerais críticos e estratégicos, mas deixamos claro que cabe ao governo decidir”, afirmou Raul Jungmann, presidente do Ibram.
O contexto atual é marcado por tensões comerciais, com os EUA ameaçando impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Neste cenário, os minerais estratégicos, especialmente o nióbio que Bolsonaro tanto destacou – emergem como possível moeda de troca nas negociações conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).