Apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrante do chamado núcleo 2 da organização criminosa acusada por tentativa de golpe de Estado, Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, negou nesta quinta-feira (24), no depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que teve contado com a minuta golpista.
Na sua delação, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, disse que Martins apresentou em 7 de dezembro de 2022, numa reunião com comandantes das Forças Armadas, a minuta do decreto golpista que iria permitir o ex-presidente se manter no poder.
Além disso, Cid delatou que ele e Bolsonaro discutiram juntos a redação do documento.
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Para a PGR, Martins faz parte do núcleo do qual participavam “profissionais relevantes e gerenciavam as ações elaboradas pela organização da trama golpista.”
“Não existe nenhum documento com 10 páginas. O colaborador confirmou isso e posso afirmar isso não só não tive contato com minuta e nem durante esse processo. Minha defesa tem insistido em chamar de minuta fantasma, uma minuta que nunca apareceu e tem trazido outros danos de outra natureza”, disse o ex-assessor durante o interrogatório.
Ele afirma ter sido usado como bode expiatório e negou que estivesse no avião com Bolsonaro que foi aos Estados Unidos.
O STF ouve os réus dos núcleos 2 e 4 da tentativa de golpe. Além de Martins, prestaram depoimentos Fernando de Sousa Oliveira (delegado da Polícia Federal), Marcelo Costa Câmara (coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência), Marília Ferreira de Alencar (delegada e ex-diretora de Inteligência da Polícia Federal), Mário Fernandes (general da reserva do Exército) e Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal).
De acordo com a PGR, os integrantes do núcleo 4 “espalharam notícias falsas para descredibilizar o processo eleitoral e fomentar instabilidade e outros fizeram pasrte da chamada “Abin paralela”, que monitorava a oposição.
São integrantes desse núcleo: Ailton Moraes Barros (ex-major do Exército), Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército), Giancarlo Rodrigues (subtenente do Exército), Guilherme Almeida (tenente-coronel do Exército), Reginaldo Abreu (coronel do Exército), Marcelo Bormevet (agente da Polícia Federal) e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).