Por décadas, o Sintaema esteve na linha de frente da defesa do saneamento público em São Paulo. Foram greves, audiências públicas, campanhas de conscientização, articulações com movimentos sociais e parlamentares, caravanas pelo estado, debates técnicos e jurídicos — tudo para impedir que um bem essencial à vida fosse transformado em mercadoria.
Mas em 23 de julho de 2024, Tarcísio de Freitas entregou a Sabesp ao capital privado. Por R$ 14,7 bilhões, o governo vendeu 32% das ações da empresa, ficando com apenas 18% do controle. A Equatorial Participações — a única interessada em assumir a “liderança” da empresa e sem nenhuma expertise em saneamento — agora dita os rumos de um dos maiores sistemas de saneamento do planeta.
E o que isso significa para o povo paulista?
Apesar do discurso de “eficiência” e “modernização”, os primeiros impactos da privatização já mostram que o lucro veio antes da vida. Veja 5 retrocessos já em curso com a Sabesp privatizada:
1. Tarifa mais cara
A lógica privada é simples: maximizar lucros para os acionistas. E a farra da privatização da Sabesp já mostrou a que veio. Desde janeiro, moradores de São Paulo denunciam que o aumento abusivo das contas. Em média, que pagava R$ 70,00 por mês, passou a pagar R$ 498,20.
CPI da Câmara de Vereadores de São Paulo apura as explosão do valor e já identificou casos de moradores com contas de até R$ 10 mil. São valores absurdos e injustos, que as pessoas não têm como pagar.
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2. Perda de controle público
O governo paulista abdicou do comando da empresa e hoje não tem mais maioria no conselho de administração. Isso significa que decisões estratégicas — como cortes de pessoal, planos de expansão, recomposição do quadro deficiário de trabalhadores, tarifas e prioridades de investimento — são tomadas por quem tem ações, não por quem precisa de água.
Ou seja, é a Faria Lima que decide se a água chega ou não em sua torneira.
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3. Terceirização e demissões
Com a lógica privatista, começa o desmonte da estrutura técnica só pioriou. Trabalhadores efetivos são orinetados ou até coagidos a aderirem a PDV e são substituídos por contratos precarizados, terceirizados e temporários. A qualidade do serviço tende a cair, e o conhecimento acumulado durante mais de 50 anos irá pelo ralo.
Quem pagará por isso: a pópulação semo serviço de qualidade e os trabalhadores, que sofreão com sobrecargas de trabalho e insegurança.
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4. Periferias ameaçadas
As promessas de universalização até 2029 escondem o risco de exclusão de comunidades onde o “investimento não se paga”. Regiões periféricas, rurais ou afastadas podem ser ignoradas ou atendidas de forma precária — ou seja, exatamente quem mais precisa do saneamento público será deixado para trás.
5. Risco ao meio ambiente
O recente vazamento de esgoto na Represa de Guarapiranga escancara o perigo: a pressa por resultados financeiros fragiliza a manutenção, a fiscalização e o controle ambiental.
O lucro fala mais alto que a vida — os mananciais sofrem primeiro. E sua vida fica em risco para agradar os super-ricos da Faria Lima.
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Privatizaram a empresa, mas não a consciência!
O Sintaema não reconhece como legítimo esse processo de entrega da Sabesp. Seguiremos denunciando os impactos, fiscalizando os contratos, defendendo os direitos dos trabalhadores e cobrando o que a empresa e o governo prometeram.
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A história do saneamento no Brasil mostra que onde o serviço foi privatizado, aumentaram as tarifas, caiu a qualidade e explodiram as denúncias de abandono das periferias. São Paulo não será exceção.
É hora de mobilizar a sociedade, pressionar o governo e construir a reconquista de uma Sabesp pública, para o povo e com controle popular.
💧 A água é do povo.
🌍 O saneamento é um direito.
✊🏽 E a luta continua!