Na edição desta semana do programa Análise Política, veiculado pela Causa Operária TV, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, concentrou suas observações em três temas principais: o avanço da censura no Brasil, a guerra no Oriente Médio e o uso farsesco da “soberania” pelo governo Lula como palanque eleitoral.
Logo de início, Pimenta abordou a recente censura contra o cantor MC Bocão, acusado de apologia ao crime por compor uma música sobre um assalto. Para o dirigente, trata-se de um indicativo do avanço do autoritarismo no país: “se você não pode falar sobre um assalto que aconteceu, muito dificilmente poderá falar sobre qualquer coisa”, afirmou. A censura, segundo ele, tem avançado com apoio da própria esquerda, em especial do PT e do PSOL, que acreditam que o controle da Internet e o cerceamento da expressão servirão para silenciar os seus adversários. “É uma política de ocasião, não é uma política de princípios”, avaliou.
Outro caso citado foi o da censura imposta a um grupo musical durante evento promovido pela Prefeitura de São Paulo, que teve o microfone cortado ao mencionar a Palestina. Pimenta apontou que, embora não tenha partido diretamente do Estado, o episódio revela o cerco ideológico que avança sobre manifestações culturais.
Ainda no tema da repressão, o presidente do PCO comentou o processo judicial movido pelo deputado Kim Kataguiri (MBL), que resultou em uma condenação ao partido por ter chamado de “nazista” a política do parlamentar de apoiar o bloqueio contra o povo palestino. “Não se pode mais criticar figuras públicas pelas atitudes que tomam no exercício da atividade pública. É uma censura total”, denunciou, informando que recorrerá da decisão.
Em seguida, Pimenta abordou a crise diplomática com os Estados Unidos após ameaças de tarifas por parte de Donald Trump. Para o dirigente, há uma tentativa de transformar um conflito comercial corriqueiro em uma epopeia patriótica. “Estamos assistindo a uma guerra de brinquedo, uma guerra de palavras”, criticou.
Em resposta a um artigo do jornalista Eduardo Guimarães no Brasil 247, que defendeu incondicionalmente o STF e a suposta “barreira democrática” que separaria o Brasil do fascismo, Pimenta foi direto: “a esquerda está sendo levada a apoiar o imperialismo em nome da luta contra o fascismo. Isso é uma coisa totalmente sem sentido”. E prosseguiu: “essa luta contra o trampismo não é uma luta contra o império, é uma briga de fundo de quintal”.
O dirigente ainda destacou que, se o governo Lula quiser “lutar por soberania, que rompa com ‘Israel’, que proíbam o envio de petróleo brasileiro para massacrar o povo palestino”.
No plano internacional, Pimenta destacou o agravamento das tensões no Oriente Médio, mencionando o sucesso militar da resistência palestina, o suicídio de soldados israelenses e o recente bombardeio de Damasco por parte de ‘Israel’. A guerra, afirmou, “mostra que a situação na região continua cheia de contradições fortíssimas”.
Sobre a Turquia, Pimenta reiterou que o governo Erdogan adota uma política contraditória porque está no “olho do furacão”. Embora tenha ajudado na tentativa de derrubada do governo sírio, hoje tenta equilibrar-se entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o apoio verbal à Palestina. “É preciso acompanhar com cuidado, sem a visão simplista de que Erdogan é apenas um agente do imperialismo”, advertiu.
Por fim, o dirigente, ao criticar o entusiasmo com medidas autoritárias do STF e da Polícia Federal, Pimenta ironizou: “falar em soberania com a Polícia Federal, que está totalmente sob controle do imperialismo, é grotesco”. E concluiu: “luta pela soberania, sim. Mas de verdade. Não essa farsa eleitoral que serve apenas para tentar arrancar votos em 2026 enquanto os ricos continuam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”.