Durante evento no Ceará, nesta sexta (18), presidente Lula destaca a importância da ferrovia, que deve começar a operar ainda este ano. Confira estágio atual das obras
Em visita a Missão Velha (CE), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou novo investimento de R$1,4 bilhão para o avanço das obras da Transordestina, principal projeto ferroviário em andamento no país e peça-chave para impulsionar a logística, economia e o desenvolvimento do Nordeste.
“Eu assumi a responsabilidade de que nós vamos concluir essa ferrovia, custe o que custar. E vamos fazer igualzinho ao projeto. O Nordeste precisa dessa obra, o Nordeste deve ser respeitado, porque o Nordeste tem inteligência, tem conhecimento”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os investimentos anunciados nesta sexta incluem R$ 600 milhões provenientes do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), como parte do aditivo de R$3,6 bilhões formalizado em novembro de 2024. A outra parte, de R$816 milhões, foi captada por meio do leilão de cotas escriturais do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor).
Pronta até o final do ano
Presente ao anúncio, o o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou que este é o segundo investimento anunciado pelo Governo Federal na Transnordestina em pouco mais de 50 dias. No início de junho, o ministro esteve em Baturité, também no Ceará, e oficializou o aporte de R$1 bilhão para o Lote 8 da ferrovia. O trecho, de 46 quilômetros de malha, corta os municípios cearenses de Quixadá, Itapiúna, Capistrano e Baturité.
“Essa obra vai chegar em breve a 8 mil pessoas trabalhando para construí-la. A infraestrutura integra, une, e até o fim deste ano nós vamos iniciar o transporte de cargas nessa ferrovia”, afirmou Renan Filho.
As obras da Transnordestina já atingiram 75% de avanço físico: do total previsto, 676 quilômetros da linha principal já foram entregues, e outros 280 quilômetros estão em construção.
Com 1,2 mil quilômetros de extensão e orçamento total de R$15 bilhões, a ferrovia corta 53 municípios do Nordeste: vai de Eliseu Martins, no Piauí, até o Porto de Pecém, no Ceará.
“Essa é a maior obra linear do Brasil hoje. Nós temos mais de 4 mil empregos diretos, mais de 1.100 máquinas pesadas, mais de R$ 4 bilhões em contratos já assinados em execução, então é uma obra de uma pujança espetacular”, destacou o diretor-presidente da Transnordestina Logística, Tufi Daher.
Considerado o principal projeto logístico do Nordeste, a ferrovia conecta áreas produtoras do interior aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), facilitando o escoamento de grãos, minérios e outros produtos para o mercado interno e internacional.
“Essa região do Cariri é hoje um polo calçadista. Parte deste calçado é para exportação e poderá ir nesse trem até o Porto do Pecém. Essa obra vai permitir que a gente dê as mãos, junto com o Governo Federal, para trazer indústria e emprego para o nosso povo”, celebrou o governador do Ceará, Elmano de Freitas.
A expectativa é que parte da ferrovia entre em operação ainda em 2025, iniciando o transporte de cargas a partir do Terminal Intermodal em Bela Vista do Piauí.
Retomada do desenvolvimento
A construção da ferrovia que viria a ser conhecida como Transnordestina começou em 1959, mas foi logo interrompida, considerada economicamente inviável. De lá pra cá, as obras chegaram a ser retomadas e paralisadas algumas vezes, por inúmeras questões. O projeto renasceu com força em 2023, como uma das prioridades do governo Lula.
Com a economia em expansão – hoje a terceira maior do país -, e forte crescimento dos setores industrial e agroindustrial, o Nordeste tem ampliado sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, respondendo por aproximadamente 16% da composição econômica do Brasil. Nesse contexto, a Transnordestina desempenha papel estratégico ao conectar centros produtores do interior aos grandes portos locais.
“Eu vou carregar sempre o orgulho de ter retomado obras importantes no Brasil e no meu coração vai morar a retomada e a conclusão das obras da Transnordestina, que é o maior investimento para o desenvolvimento do Nordeste”, concluiu Renan Filho.
Empregos
Atualmente, 280 km de obras de infraestrutura estão em execução, o que gera mais de 4 mil empregos diretos e envolve mais de R$ 4 bilhões em contratos assinados. Até o final de 2025 terá início a operação, em fase de comissionamento, com os primeiros transportes de cargas saindo do Terminal Intermodal de Cargas do Piauí até a região centro-sul do Ceará e algumas regiões de Pernambuco. Soja, farelo de soja, milho e calcário estão entre os principais produtos a serem transportados.
Maquinista: Lula em visita a obras da Transnordestina. (Ricardo Stuckert/PR)
Quanto já foi investido
O investimento já realizado totaliza R$ 8,2 bilhões. O orçamento total do empreendimento chega a R$ 15 bilhões, com impacto anual estimado no PIB do Semiárido de até R$ 7 bilhões. Ao todo, a Transnordestina tem 1.209 quilômetros de extensão e passa por 53 municípios, com início em Eliseu Martins (PI), passa por Salgueiro (PE) e vai até o Porto do Pecém (CE).
O ministro da Educação, Camilo Santana, relembrou a época em que era governador do Ceará e o empenho em articular a retomada das obras. “Essa obra ficou quatro anos paralisada no governo passado. Ela vai gerar oportunidades de emprego e negócios por todo o estado do Ceará. As obras mais importantes do estado do Ceará foram o presidente Lula quem trouxe: a Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco”, disse o ministro.
Já Elmano de Freitas, governador do Ceará, reforçou a importância da obra para o desenvolvimento econômico da região do Cariri. “Só de imaginarmos que aqui estarão trabalhando 8 mil pessoas. Essa região do Cariri é hoje um polo calçadista, parte desses calçados são para exportação e poderão ir nesse trem até o Porto do Pecém. Essa obra vai permitir darmos as mãos juntos ao Governo Federal.
Parada em 2017
As obras foram paralisadas por um período em 2017 em função da suspensão de repasses de recursos determinada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A retomada ocorreu em 2020, exclusivamente com recursos privados, em ritmo lento. A atual gestão federal, desde o início em 2023, liderou um movimento amplo para a reestruturação do financiamento e retomada da obra.
O prefeito de Missão Velha (CE), Dr. Lorim, expressou o sentimento de ver o retorno e a conclusão de trechos da ferrovia. “O que era um sonho, agora é ferro, trilho e é progresso. A Transnordestina não é só uma obra, é uma cicatriz que virou estrada, é a história do Sertão que mudou de rumo, é o Brasil lembrando que aqui tem gente que trabalha, produz e que merece respeito”, declarou o prefeito.
O presidente da Transnordestina Logística S/A, Tufi Daher Filho, detalhou os próximos passos do cronograma de execução e os impactos diretos na geração de empregos. “Depois que esses recursos caírem, em até 60 dias, a gente vai contratar os lotes 9 e 10 e vamos terminar toda a contratação dessa fase 1. Vamos ter mais de 8 mil empregos diretos em dezembro deste ano”, disse.
Energia renovável e as ZPE’s
Durante o evento, o presidente Lula também assinou a Medida Provisória que propõe alterações à Lei nº 11.508/2007, que trata das Zonas de Processamento de Exportação (ZPE). A MP estabelece que, para que os conselhos das ZPEs analisem e aprovem novos projetos, será obrigatório que toda a energia elétrica utilizada pelas empresas instaladas nessas áreas seja proveniente de fontes renováveis cujas usinas ainda não estejam em operação até a data de publicação da Medida Provisória.
Além disso, amplia o tipo de empresa que pode operar em ZPE, incluindo empresas prestadoras de serviços que atuam com exportação de serviços. “Eu assinei essa Medida Provisória agora criando uma coisa chamada data center aqui. Nós liberamos hoje para que o Ceará consiga ser o primeiro estado a ter um data center de grande porte e eu espero que sirva de estímulo para outros estados brasileiros fazerem a mesma coisa e, quem sabe, a gente consiga o desenvolvimento para melhorar o padrão de vida do nosso povo”, disse o presidente Lula.
Publicado originalmente pela Agência Gov em 18/07/2025
Por Ministério dos Transportes