A preservação da memória é fundamental para a valorização de quem, no passado, defendeu valores fundamentais para a democracia de um país. Ao celebrar o centenário da ativista brasileira Clara Charf, a Secretaria Nacional de Mulheres do PT reconhece a importância do seu legado para a luta das mulheres, das liberdades, dos direitos e por uma condição social sempre mais justa e igualitária. 

Ao completar 100 anos de vida no dia de ontem (17), Clara Charf deixa o exemplo para as novas gerações de como a determinação, a coragem, o afeto, e a luta a transformaram em uma das mais importantes militantes e feministas do país. A alagoana, nascida em Maceió em 1925 , lutou pela democracia, enfrentou a morte de seu companheiro Carlos Marighella, o exílio, a opressão e a prisão durante a ditadura militar brasileira.

A Fundação Perseu Abramo (FPA) classifica Clara Charf como uma mulher que “rompeu o cerco imposto por uma tradição machista e conservadora.” O Portal Memórias da Ditadura destaca a trajetória de Clara nos anos de ação popular contra o regime ditatorial. Ingressou na política aos 20 anos, quando fez parte dos protestos contra a bomba atômica durante a Guerra Fria e de vários congressos em prol da paz, em 1945. 

Clara filiou-se aos 21 ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), onde conheceu Marighella, seu futuro companheiro de vida e militância. Ao lado dele, viveu na clandestinidade e militou pelo comunismo durante os anos pós-Segunda Guerra Mundial e contra a ditadura civil-militar que se instaurou em 1964. 

Integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN), fundada em 1967 por seu companheiro, que chegou a ser considerado o inimigo número um do regime. O relacionamento dos dois durou de 1948 a 1969, até o assassinato dele por agentes da ditadura.

Logo após a morte de Marighella, Clara ficou 10 anos exiliada, vivendo com identidade falsa, trabalhando como tradutora. Com a promulgação da Lei da Anistia em 1979, retornou ao Brasil.

Trajetória no PT

Na volta do exílio, Clara se filiou ao PT, passando a se engajar ainda mais na luta política. “Ela passou a ficar muito próxima da luta das mulheres, das liberdades, dos direitos e por uma condição social sempre mais justa e igualitária. Justiça é uma palavra importante para Clara”, contou à Agência Brasil, a documentarista Isa Grinspum Ferraz, sobrinha de Clara. Integrou também a Secretaria Nacional de Mulheres do PT. 

Integrando as fileiras do PT, Clara foi candidata a deputada estadual em 1982, recebeu 20 mil votos, mas não se elegeu. Presidiu a Associação Mulheres Pela Paz, organização fundada por ela em 2003, com o objetivo de combater a violência contra a mulher e dar visibilidade ao trabalho feminino.

Como lembra a Agência Brasil, em 2005, Clara Charf passou a coordenar no Brasil o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que nasceu na Suíça. A ideia foi promover a indicação coletiva de mil mulheres para o Prêmio Nobel da Paz de 2005. No Brasil, seria preciso escolher 52 mulheres ativistas. Participou ainda da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, e foi conselheira emérita do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), órgão vinculado à Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). 

Da Redação do Elas por Elas, com informações da Agência Brasil, MDHC e Memórias da Ditadura

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Last Update: 18/07/2025