A avaliação positiva do governo do presidente Lula voltou a subir, apesar do mercado financeiro jogar contra a política cambial e fiscal do Planalto. O trabalho do governo federal é aprovado por 54% dos eleitores e reprovado por 43%, de acordo com a pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira.

Outros 4% não sabem ou não responderam. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 120 municípios entre os dias 5 e 8 de julho. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos. O intervalo de confiança é de 95%.

O levantamento assinala um distanciamento da reprovação de Lula, que em maio era reprovador por 47% e aprovado por 50%. Ou seja, um empate técnico entre os dois indicadores tendo em vista a margem de erro da pesquisa.

A publicação da pesquisa ocorre em meio a uma ofensiva do mercado financeiro contra a política fiscal do Planalto e após críticas de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Numa tentativa de emparedar o presidente Lula, a Faria Lima tem manipulado o preço do dólar, com o objetivo de desvalorizar a moeda nacional. O impacto dessa desvalorização pode afetar o preço dos produtos da economia, gerando aumento da inflação.

A pesquisa, no entanto, indica que a economia real, formado por pessoas e não pela instituição mercado, tem se apegado a outros índices.

A aprovação de Lula entre os eleitores com renda familiar de até 2 salários mínimos aumentou de 62% para 69%, enquanto a reprovação foi de 35% para 26% (a margem de erro nesse grupo é de 4 pontos percentuais). Com o resultado, a diferença entre a avaliação positiva e negativa do governo neste segmento passou a ser de 43 pontos, a maior vantagem desde o início do mandato.

O diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, Felipe Nunes, destaca que a melhora do incide reflete a percepção positiva da economia entre os mais pobres.

“Embora seja impossível determinar uma única razão para o crescimento na aprovação do governo, a melhora na percepção da economia entre os mais pobres sugere que uma parte da explicação possa estar aí”, diz.

Segundo ele, o que reforça essa tese é o fato de que a economia está perdendo protagonismo como o principal problema do país. “De um ano pra cá, caiu de 31% para 21% quem afirma que a economia é o principal problema, enquanto passou de 10% para 19% quem acha que é a segurança, por exemplo”, completa.

Em abril de 2023, a economia era disparada a principal preocupação do brasileiro, com 31% das menções. Desde agosto, entretanto, esse indicador tem recuado.

Os entrevistados da nova pesquisa Quaest também avaliaram positivamente as falas recentes do presidente de que salários deveriam subir acima da inflação (90%), que juros no Brasil são muito altos (87%) e carnes consumidas pelos mais pobres deveriam ser isentas de impostos.

Brasileiro aprova críticas de Lula a política monetária do BC

Além das menores menções à economia como o principal problema do país, a pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira revela que 66% dos entrevistados responderam concordar com as afirmações de Lula contrárias a política de juros do Banco Central, liderado pelo presidente Roberto Campos Neto.

Apenas 23% discordavam do presidente Lula e 11% não sabem ou não responderam. A aprovação das falas de Lula foi alta tanto entre seus apoiadores quanto em relação a eleitores de Jair Bolsonaro.

Entre os entrevistados que votaram em Lula, 77% concordaram com as críticas feitas a alta de juros e 66% dispensaram a possibilidade de que as falas do presidente tenham sido a principal razão pela alta do dólar. Somente cerca de 16% de apoiadores do presidente nas últimas eleições discordaram de suas afirmações relacionadas ao Banco Central, e 8% não souberam responder.

O posicionamento de Lula diante da decisão do Copom de manter a taxa básica de juros a 10,50% também foi bem-vista entre apoiadores de Jair Bolsonaro. A maioria daqueles que votaram no ex-presidente também concordam com apontamentos de Lula contrários a atuação do Banco Central, 36% discordam e 13% não souberam responder.

O governo do presidente Lula tem feito críticas a manutenção da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, em 10,5% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em manter os juros em 10,5% coloca o Brasil na segunda colocação com o maior juro real entre 40 países. A taxa fica em torno de 6,79% ao ano, segundo pesquisa do economista Jason Vieira e divulgada na plataforma MoneYou.

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Last Update: 10/07/2024