
O diretor do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), André Roncaglia, afirmou que o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve ter grande efeito sobre a economia brasileira em 2025. Em entrevista ao UOL News, Roncaglia explicou que, caso as medidas entrem em vigor em agosto, o impacto no país será marginal neste ano, já que restam poucos meses para que os efeitos sejam sentidos integralmente.
Roncaglia ressaltou que o Brasil tem uma exposição comercial relativamente pequena aos Estados Unidos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A China continua sendo o principal parceiro comercial do país, e não há sinais de que Pequim vá reduzir as compras de produtos brasileiros. Esse cenário ajuda a minimizar os impactos imediatos do tarifaço sobre o desempenho econômico do Brasil neste ano.
Apesar disso, o diretor do FMI reconheceu que alguns setores importantes podem ser diretamente afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Entre eles estão a indústria de aço, de alumínio e o agronegócio, principalmente os segmentos de laranja e etanol. Roncaglia criticou as medidas de Trump, afirmando que “não têm justificativa econômica” e que o Brasil “nunca ameaçou a relação histórica com os EUA”.

O economista destacou que o impacto mais expressivo do tarifaço deve ocorrer apenas em 2026. Isso permitirá que o Brasil tenha tempo para buscar alternativas que possam dissipar os efeitos negativos das tarifas. Para Roncaglia, o país possui uma grande capacidade de criar e firmar novos acordos comerciais, o que será essencial para proteger os setores mais vulneráveis.
Roncaglia também comentou que o Brasil sempre foi um parceiro confiável dos Estados Unidos e que não há motivo para que essa relação esteja ameaçada. Ele sinalizou que a decisão de Trump pode ter motivações políticas, além das já expressadas publicamente, e que ainda será necessário entender os reais interesses por trás das tarifas.
O diretor do FMI concluiu que o Brasil deverá se movimentar para fortalecer relações comerciais com outros mercados e reduzir a dependência de setores afetados pelo tarifaço. Segundo ele, essa será uma oportunidade para o país diversificar ainda mais suas parcerias internacionais e adotar medidas que resguardem sua economia de choques externos futuros.