Houve um momento, nos anos 90, que a Polícia Federal foi motivo de orgulho. Organizou programas de qualidade, aprimorou métodos de investigação, incorporou tecnologia. Depois, no início do governo Lula, recebeu um upgrade do Ministro Márcio Thomaz Bastos, com a criação do Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência) e a complementação saudável com o Ministério Público Federal, na época dirigidos por duas referências: o delegado Paulo Lacerda e o Procurador Geral Cláudio Fontelles.

Esse modelo começou a desabar nos primeiros ensaios para a derrubada do governo Lula. Começou por fakenews, de grampos no Supremo Tribunal Federal, de sistemas de grampo inexistentes, com a participação direta de Nelson Jobim, Gilmar Mendes e Demostenes Torres,

A manobra custou a cabeça de Paulo Lacerda e o desmonte da ordem na PF. Depois disso, delegados caíram de cabeça na campanha de Aécio Neves e, com a Operação Lava Jato, empreenderam caça às bruxas contra colegas que se opunham às manipulações políticas. Já o MPF, sob Rodrigo Janot, desabou.

O período Lava Jato foi de ampla degradação da corporação PF. No Paraná, delegados cometiam toda sorte de arbitrariedades, como a Operação Carne Fraca, que comprometeu a imagem da carne brasileira no mundo. E, culminando com a operação que levou ao suicídio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Cancellier.

Depois, as ilegalidade na Lava Jato, como o grampo ilegal na cela de Alberto Yousseff que levou à anulação total da operação.

Em Minas Gerais, delegados desvairados conduziram a Operação Esperança Equilibrista, zombando da música de Aldir Blanc e Chico Buarque, visando atacar politicamente a autonomia da Universidade Federal de Minas Gerais. Só não prosperou devido à reação dos belorizontinos, que acorreram em massa para a UFMG impedindo a concretização do abuso.

Nenhum dos delegados abusadores foi punido, a começar da indigna Erika Marena, responsável pela morte de Cancellier. Ao contrário, delegados que atuaram profissionalmente, engrandecendo a PF, foram cruelmente punidos, como foi o caso do delegado Mário Fanton.

A Delegada Daniele Gossenheimer Rodrigues, chefe do Núcleo de Inteligência Policial (NIP) da PF-PR, ordenou a instalação de um grampo sem autorização judicial na superintendência durante a Lava Jato. O agente subordinado, Dalmey Fernando Werlang, acabou suspenso por 18 dias em novembro de 2018, por comunicar de forma imprópria a existência da escuta . Daniele não foi punida, apesar de ser a “mandante” da escuta .

A PF jamais fez a autocrítica desse período tenebroso, jamais puniu os abusos. E, agora, vale-se do controle da corporação para manutenção do assédio contra os críticos.

Trata-se do inquérito aberto contra os delegados Flávio Werneck Meneguelli e Sandro Mauro Lima de Araújo por entrevista concedida ao GGN. Valem-se do mesmo estratagema do TRF-4, alegando que participação em alguns programas do GGN eram razão para impedir a posse do juiz Eduardo Appio na 13a Vara Federal.

O inquérito é uma verdadeira ode à burocracia. Comecei a mapear, montar uma árvore, mas desisti. Essas são parte das movimentações de documentos, uma verdadeira perda de tempo, um monumento à burocracia, para convalidar uma arbitrariedade que acabou não se consumada: o inquérito foi arquivado. Parece que esqueceram todas as lições de qualidade total ensinadas nos anos 90.

Em 7 de abril de 2025, a DPF Helena de Rezende, Corregedora-Geral da Polícia Federal, determinou o arquivamento do feito, por entender que “não restou caracterizada a prática de infração disciplinar”, conforme Despacho SEI nº 40779817. Flávio é dirigente de várias entidades sindicais e Sandro está afastado da PF desde 2012, quando foi vítima de uma armação terrível, depois de ter publicado um livro com críticas contra setores da corporação.

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Last Update: 16/07/2025