Deputados do PT também pedem punição de Eduardo Bolsonaro por traição ao Brasil

O parecer da Procuradoria-Geral da República que pede a condenação do ex-presidente Bolsonaro por conspiração contra a democracia brasileira e o tarifaço do Trump foram os principais temas dos discursos dos parlamentares da Bancada do PT nesta terça-feira (15/7). Na tribuna, o deputado Marcon (PT-RS) protestou: “As nossas mercadorias, a nossa indústria, o agronegócio, os produtos brasileiros que chegam aos Estados Unidos terão sobretaxa. Tudo para justificar a salvação do golpista do Bolsonaro. Isso é um absurdo. Para a família Bolsonaro, para salvar o pai, vale tudo. Desemprego, prejuízo para a nossa economia, para o agronegócio. E quem paga essa conta é o povo brasileiro”.
Marcon destacou que o parecer da PGR, pela condenação de Bolsonaro, “pede 43 anos de prisão para o ex-presidente, esse golpista, e para todos aqueles que tramaram o golpe contra o Brasil em 2022”. O deputado aproveitou para sugerir que a Procuradoria-Geral comece a analisar as atitudes do deputado-licenciado Eduardo Bolsonaro. “Ele está prejudicando o Brasil lá nos Estados Unidos. Está lá, articulando contra a Pátria, contra o povo brasileiro”, criticou.
O deputado gaúcho relembrou que Eduardo Bolsonaro foi para os Estados Unidos já com essa intenção. “Um cidadão brasileiro, que tem identidade brasileira, que é deputado desta Casa, não pode estar lá, nos Estados Unidos, e fazer isso contra a sua própria Pátria. E, aí, usam a bandeira do Brasil, usam a camisa da seleção brasileira. Que patriota é esse?”, indagou. Para Marcon o deputado precisa responder pela quebra de decoro parlamentar e pelos ataques à soberania brasileira. “Tem que buscar o Eduardo Bolsonaro lá para botá-lo na cadeia, junto com Jair Bolsonaro, que é o pai dele”, defendeu.
Lesa-pátria

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) também defendeu o retorno de Eduardo Bolsonaro ao Brasil. “Esse lesa-pátria não pode continuar fora do País, conspirando contra os interesses nacionais, conspirando contra os empregos do povo brasileiro, conspirando contra todos os setores econômicos do País, em especial o agro e a indústria, que são extremamente importantes para a balança comercial brasileira, conspirando contra as nossas relações diplomáticas com um dos principais parceiros econômicos do País e também contra uma economia importante, que é a economia norte-americana”, afirmou.
Para Reginaldo Lopes, a Câmara não pode ter um de seus representantes fora do Brasil, buscando fazer acordo, colocando o “eu” da família Bolsonaro acima de tudo, contra os interesses do povo brasileiro. “Na minha opinião, a Mesa da Câmara dos Deputados deveria cassar imediatamente o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro. Aqui no Brasil, nós estamos trabalhando, e trabalhando muito. A nossa diplomacia está dialogando. Agora, é inaceitável, e é bom a sociedade brasileira comparar as suas lideranças”, sugeriu.
Ele citou o exemplo do Presidente Lula, que respondeu para a Justiça brasileira que não trocava, em hipótese alguma, a sua inocência pela sua liberdade. “O que o Bolsonaro e a sua família buscam, ao colocar o eu acima de tudo e de todos, é trocar a sua liberdade pelos crimes que cometeram contra o Estado Democrático de Direito, prejudicando, fazendo chantagem, passando por cima de todos os princípios que fundaram a República brasileira”, protestou.
Traição à Pátria

O deputado Merlong Solano (PT-PI) afirmou que a Câmara tem um papel importante nesse momento. “Como é que nós podemos admitir que um deputado federal brasileiro crie e estabeleça nos Estados Unidos um novo tipo de embaixada, a da traição à Pátria?”, questionou. Ele reiterou que Eduardo Bolsonaro, que vem articulando, tramando contra o Brasil há meses nos Estados Unidos, “seguindo o exemplo do pai, que já fazia isso, tramando contra a nossa democracia. Então esta Casa está sendo chamada à responsabilidade no sentido de dizer como vai ser tratado, à luz do nosso Regimento, à luz da lei brasileira, um deputado que se estabelece nos Estados Unidos e passa a tramar contra o Brasil”.
Merlong relembrou que Eduardo Bolsonaro já declarou que o objetivo dele era pressionar, usar as tarifas definidas pelo presidente Trump como instrumento de coação ao Supremo Tribunal Federal para impedir, quem sabe, a condenação, que parece inevitável, do seu pai pelos crimes que cometeu em relação à democracia brasileira. “Então, esta Casa tem, no momento, a grande responsabilidade de dizer o que vai acontecer, na forma do seu Regimento Interno, em relação ao Eduardo Bolsonaro”, cobrou.
Negociação

Tanto Merlong Solano, como o deputado Zé Neto (PT-BA) citaram a carta da Câmara de Comércio dos Estados Unidos e pela Câmara de Comércio Americana no Brasil, de que haja por parte dos Estados Unidos — e, óbvio, no Brasil já há —, da intenção de buscar uma solução que possa mediar o problema gerado pela tarifação de 50% anunciada pelo presidente Trump. Eles destacaram como positivo o comportamento do Presidente Lula, de toda a equipe econômica, também do vice-presidente Alckmin, que está ouvindo os empresários e dialogando, sem abrir mão da nossa soberania.
“Estamos dizendo ao mundo e principalmente aos Estados Unidos que o Brasil tem direção, é um Estado democrático que pratica o respeito mútuo. Eu espero que nós possamos, como País, ultrapassar essas dificuldades que têm sido geradas não só para o Brasil, mas para outros países do mundo, e que a gente possa ver na geopolítica a arrumação necessária para que os Estados Unidos entendam que são 201 anos de boas relações, construídas com muito respeito e muitas negociações, e que mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas americanas também investem aqui no Brasil”, explicou Zé Neto.
A deputada Lenir de Assis (PT-PR) e os deputados Flávio Nogueira (PT-PI), Bohn Gass (PT-RS), Jorge Solla (PT-BA), Paulo Guedes (PT-MG) e Reimont (PT-RJ) também discursaram sobre o tarifaço de Trump e o parecer da PGR pela condenação de Bolsonaro.
Vânia Rodrigues