Desde o início, os ataques de Donald Trump à soberania do Brasil e o aumento da taxa sobre produtos do país — supostamente em defesa de Jair Bolsonaro (PL) — davam sinais de ser um “tiro no pé” da extrema direita. Pesquisa Atlas/Bloomberg, divulgada nesta terça-feira (15), demonstrou que esses indícios estavam certos: para 62,2%, a tarifa de 50% foi injustificada. E para 61,1%, Lula representa o Brasil melhor do que Bolsonaro.

Os que pensam o oposto, nestas duas situações, somam respectivamente 36,8% e 38,8%. No caso da avaliação sobre o presidente que melhor representa o Brasil no cenário internacional, o percentual dos que apostam em Lula cresceu cerca de dez pontos percentuais — eles eram 51% em novembro de 2023. E aqueles que o julgavam pior do que Bolsonaro caíram aproximadamente seis pontos: naquele momento, essa fatia somava 44,3%.

O levantamento também aponta que 60,2% aprovam a política externa brasileira — eles eram 49,6% no levantamento feito em novembro de 2023 —, contra 38,9% que desaprovam — eram 47,3% há quase dois anos.

Também tem ampla aprovação a resposta do governo brasileiro frente às tarifas: 44,8% a julgam como adequada, 27,5% como agressiva e 25,2% como fraca, enquanto 2,5% dizem não saber.

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Ao mesmo tempo, a maioria, 47,9%, diz acreditar que o governo será capaz de negociar com os EUA, frente a 38,8% que negam essa possibilidade e 13,3% que não sabem.

Nesse cenário, também houve melhora na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou de 47,3% em junho para 49,7% agora, assim como diminuiu a desaprovação, que saiu de 51,8% para 50,3%.

Também cresceu a avaliação positiva do governo, que passou de 41,6% de ótima/boa em junho para 43,4% agora, enquanto os que o julgam ruim/péssimo caiu de 51,2% para 49,4%. Os que acreditam ser regular permaneceram no mesmo patamar de 7,2%.

Com relação à motivação para Trump estabelecer a nova tarifa, a maioria, 40,9%, atribui a uma retaliação contra a participação do Brasil no Brics e 36,9% dizem ser uma resposta à atuação da família Bolsonaro.

Outros 16,8% acreditam que tenha sido uma retaliação contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que atingiram as redes sociais sediadas nos EUA, enquanto apenas 3,5% afirmam ter a ver com um desejo genuíno de tornar o comércio mais favorável aos estadunidenses e 1,9% não sabem informar.

Quando a questão colocada foi se as justificativas usadas por Trump configuram uma ameaça à soberania, 50,3% acreditam que sim e 47,8% que não, além de 1,8% que não sabem.

Efeitos econômicos e retaliação

A pesquisa também perguntou como as pessoas avaliam o impacto econômico das medidas anunciadas pelo republicano. A maior parte, 48,6%, atribui um alto impacto e 30,8%, um baixo impacto; outros 14,9% acreditam que será muito alto e apenas 2,4% dizem que não haverá nenhum, percentual menor dos que não sabiam — 3,2%.

No que diz respeito à possibilidade de retaliação, 51,2% dizem que o Brasil deve ter essa postura, contra 40,9% que acham que não deve; 7,9% não sabem.

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Quanto ao tipo de retaliação, 51,2% apontam o aumento das tarifas sobre produtos dos EUA como a mais adequada; outros 28,6% acreditam que o Brasil deve reforçar suas relações com rivais dos EUA, como a China, enquanto 14,5% apostam na redução da dependência do dólar.

A suspensão dos pagamentos de direitos autorais e patentes de medicamentos norte-americanos e a imposição de restrições a investimentos têm o apoio de 2,4% e 1,5%, respectivamente.

Outro efeito da atitude dos EUA, aferido pela pesquisa, é que para 75,7% o episódio enfraquece as relações entre os dois países, contra 18,2% que acreditam que ficarão iguais; somente 1,5% acham que pode se tornar mais forte.

Além disso, 63,2% têm uma imagem negativa de Trump — percentual que era de 47% em novembro de 2023 —, contra 31,9% que pensam o contrário — eles eram 48% naquele momento.

Quando questionados sobre o desempenho de Trump na presidência dos EUA, 59,9% dizem ser negativa e 36,3% afirmam o contrário. Quanto à imagem dos EUA, 50,5% a vêem de maneira negativa, contra 45,9% de positiva.

A pesquisa Atlas/Bloomberg ouviu 2.841 pessoas por meio de recrutamento digital aleatório, entre os dias 11 — dois dias após o anúncio de Trump — e 13 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

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Last Update: 15/07/2025