Desde a última semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, domina o debate global por impor, novamente, tarifas aos produtos importados. O Brasil, até o momento, recebeu a maior tarifa, de 50%. Mas Trump ameaçou a Rússia de tarifar produtos em 100%, além de sancionar aliados em 500%, caso Vladimir Putin não encerre o conflito contra a Ucrânia.

Para analisar a posição da China, segunda maior potencia do mundo, diante das iniciativas de Trump, o programa Observatório de Geopolítica, da TVGGN, contou com a participação de Nathan Caixeta, mestre em desenvolvimento econômico no IE/UNICAMP; José Eduardo Roselino, bacharel, mestre e doutor em Ciências Econômicas; e Samuel Spellmann, doutorando em Relações Internacionais pela PUC Minas.

José Roselino ressaltou que a porta-voz das relações exteriores da China, Mao Lin, fez uma declaração bastante enfática em que repudiou as medidas anunciadas pelos Estados Unidos.

“A primeira coisa quando a gente trata de governo Trump é não levar as coisas tão a sério, porque os movimentos são muito erráticos. Então, a gente não sabe o que realmente vai acontecer, de fato, no dia 1º de agosto, que é o que ele anunciou”, observou o doutor em Ciências Econômicas.

Já a China aproveita o momento para fazer um contraponto. “A China acho que ganha parada, porque ela, de fato, se posiciona nesse contexto exatamente fazendo o contraste. A China reforça o compromisso com o multilateralismo, com respeito a instituições multilaterais, com acordos multilaterais e com uma política racional”, continua Roselino.

Mais que preservar a confiança dos aliados, o tigre asiático não tem histórico de intervenção em assuntos internos de outros países.

“No meu entendimento, a perspectiva dos chineses com relação a isso é de que o Trump está acelerando um processo inexorável de decadência da hegemonia americana, a partir de movimentos completamente erráticos”, completa o doutor.

Análises

Nathan Caixeta criticou as análises feitas no Brasil sobre o tarifaço de Trump, uma vez que não se trata de uma posição do presidente norte-americano em favor de Jair Bolsonaro (PL), que seria uma suposta vítima de perseguição política na visão de Trump. O que incomoda os EUA é o papel do Brasil nos Brics.

“O Trump não está agindo em causa própria, até porque ele não tem ideia nenhuma a respeito do que é o mundo. Ele está agindo como presidente norte-americano. Ele está dentro do pragmatismo norte-americano agindo perfeitamente”, avalia.

Para o mestre em desenvolvimento econômico, um presidente democrata não faria diferente de Trump, tendo em vista a ameaça que o Brics representa. “Talvez não seriam tão atrapalhadas e tão destemperadas, mas a direção seria a mesma, de defender o dólar e defender a hegemonia norte-americana.”

“É que o Brasil tem um destaque essencial, porque ele está no meio-campo entre as instituições ocidentais de conciliação, de comércio, todas as instituições importantes que determinam questões regulatórias, questões de segurança no contexto internacional, com o bloco oriental”, afirma Caixeta.

Por fim, ele acredita que a reação chinesa diante do tarifaço de Trump se deu na medida certa, pois ao agir de forma irracional, o governo dos EUA prejudica não só o Brasil, mas o próprio país, tendo em vista que a determinação terá impacto nos preços e no mercado global.

Globalização

Samuel Spellmann observa que, na verdade, estamos diante de um novo momento da globalização, agora composto por vários cenários.

“Esse ano tem sido fundado uma série de novas instituições que vão ladear essa mesma globalização aqui no BRICS. Da mesma forma que a gente tem o novo Banco do Desenvolvimento ou o Banco Asiático de Niveles de Mesa e Infraestrutura servem como motores de financiamento para a retroalimentação financeira dos ditados em mais um momento de desempenho baixíssimo das economias nacionais, exceto por um caso ou outro, como o Brasil voltou a crescer, a Rússia está crescendo bastante, em que pese a guerra”, afirma o doutorando em Relações Internacionais.

Ao longo do programa, os convidados sugeriram ainda alternativas para que o Brasil responda ao tarifaço de Trump. Confira a entrevista completa em:

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Last Update: 15/07/2025