Em apenas sete dias de campanha, o Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo já atingiu a marca simbólica de 500 mil votos — uma demonstração do poder de mobilização das ruas e da força crescente nas redes. Com 10 mil urnas cadastradas em todo o país, além de um intenso debate circulando nas redes sociais e grupos de WhatsApp, a mobilização popular vem ganhando visibilidade e força política.

Organizado por movimentos sociais, centrais sindicais, partidos de esquerda e expressões religiosas progressistas, o plebiscito busca pressionar os Poderes da República a atender duas demandas urgentes da classe trabalhadora: o fim da escala 6×1, com redução da jornada sem corte de salários, e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, acompanhada da taxação dos super-ricos, com rendimentos acima de R$ 50 mil mensais.

A próxima etapa da campanha será o 2º Mutirão de Votação, entre os dias 14 e 20 de julho, com foco em dobrar o número de votos e ampliar ainda mais a capilaridade da consulta com ampliação da mobilização nas ruas, organização de novas urnas e incentivo ao debate nas redes. A consulta, que segue até o dia 7 de setembro, é realizada presencialmente.

“Conjuntura virou a favor do nosso campo político”

Um dos dirigentes à frente da mobilização, Nivaldo Santana, secretário sindical do PCdoB, dirigente da CTB e membro da comissão executiva do plebiscito, vê com otimismo o cenário político:

“O fato positivo é que o plebiscito está rolando no Brasil inteiro. A conjuntura mudou favoravelmente para nosso campo político: a derrota do IOF no Congresso, o tarifaço do Trump e a repercussão negativa desses dois episódios impulsionaram as mobilizações e deixaram a extrema-direita com posturas defensivas.”

O sucesso da iniciativa ocorre em um momento de forte tensão entre o governo do presidente Lula e o Congresso Nacional, acirrada após a derrubada dos decretos que aumentavam a taxação do IOF sobre investimentos no exterior. Segundo a Comissão Executiva Nacional do Plebiscito, esse embate revelou “o caráter de classe do Parlamento brasileiro” e abriu espaço para que a sociedade organizada se manifeste diretamente.

Para Nivaldo, o crescimento da adesão reflete uma “vontade represada” da população em participar politicamente, sobretudo em temas que afetam diretamente o cotidiano dos trabalhadores.

“500 mil votos mostram que há esperança”

Paulo Henrique, dirigente do Movimento Brasil Popular e também membro da comissão executiva do plebiscito, comemora os primeiros resultados: “O início do Plebiscito Popular é um sucesso do ponto de vista da luta política. Na primeira semana, foram cadastradas mais de 10 mil urnas em todo o país e coletamos mais de 500 mil votos.”

Segundo ele, a coincidência entre o lançamento do plebiscito e a crise do IOF foi decisiva para projetar a mobilização:

“A crise no Congresso estourou na véspera do lançamento, e o plebiscito apareceu como uma ‘resposta política’ dos movimentos populares à grave crise que estamos visualizando.”

Paulo destaca ainda que a maior parte dos votos foi fruto da participação espontânea nas redes sociais e da militância progressista, mas que o trabalho de rua tem sido essencial:

“O nosso principal objetivo é o diálogo ‘cara a cara’ com o povo brasileiro. Escutar suas angústias e questões, mas, sobretudo, compartilhar uma mensagem de esperança. Com unidade em torno da taxação dos super-ricos e do fim da escala 6×1, podemos vencer.”

Paulo Henrique destaca um momento simbólico da campanha: “A militância tem ido pra rua de forma criativa dialogar com a população. Um exemplo foi o vídeo que viralizou dos jovens do Levante Popular da Juventude subindo num ônibus em Guarulhos para rimar e divulgar o plebiscito. É essa ousadia que movimenta a luta.”

Mobilização nos territórios e crescimento digital

A campanha tem demonstrado notável capacidade de organização territorial e digital. No campo presencial, bancas e tendas foram montadas em praças, terminais de ônibus, feiras e locais de trabalho. A presença da militância tem gerado “diálogo direto e politização da população”, como destacam os organizadores.

Nas redes, o alcance também surpreendeu. O perfil oficial no Instagram saltou de 10 mil para 80 mil seguidores em uma semana. O debate nas redes viralizou, alcançando grupos de WhatsApp fora das bolhas tradicionais da esquerda.

A avaliação dos movimentos sociais é que o êxito do plebiscito, até agora, se deve à sintonia entre militância de base e articulação digital. Enquanto as ações nas ruas permitem um contato direto com trabalhadoras e trabalhadores menos conectados às organizações populares, as redes sociais impulsionam a campanha com velocidade e abrangência nacional.

Para os organizadores, a mobilização se firmou como ferramenta pedagógica e política, promovendo educação popular e politização a partir das próprias contradições do momento atual.

Com meio milhão de votos e engajamento crescente, o Plebiscito Popular dá sinais de que o povo quer ser ouvido — e que há disposição para disputar o futuro do Brasil, nas urnas simbólicas da rua e nos algoritmos das redes.

Um plebiscito simbólico, mas politicamente decisivo

Ao final da campanha, o resultado será entregue formalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB), ao presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP) e ao ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

Embora a consulta popular não tenha caráter vinculante nem auditoria oficial, sua legitimidade política cresce a cada dia. Ao mobilizar centenas de milhares de pessoas em todos os estados, o plebiscito revela a potência da ação direta organizada, em um cenário institucional marcado por chantagens da elite política e ataques aos direitos sociais.

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Last Update: 14/07/2025