A recente reunião do BRICS reacendeu entre setores da esquerda pequeno-burguesa, especialmente dentro do PT, a velha ilusão reformista de que seria possível construir uma nova ordem internacional por meio do chamado “multilateralismo”. A ideia vendida ao público é a de que o mundo caminha para um equilíbrio entre potências, substituindo a dominação absoluta do imperialismo por uma convivência pacífica entre “vários polos”.

O “multilateralismo” é apresentado como uma espécie de alternativa racional ao domínio imperialista, como se estivéssemos num parlamento global em que todos os países têm voz, voto e capacidade de influenciar os rumos do mundo. Isso é completamente falso. A realidade é que não há governança mundial — o que há é a dominação brutal e unilateral do imperialismo, sobretudo do imperialismo norte-americano. A ONU, tida como depositária dessa suposta “governança global”, não passa de uma encenação diplomática. Suas resoluções progressistas nunca são aplicadas; quando o imperialismo decide agir, atropela qualquer decisão e faz o que bem entende.

O genocídio na Faixa de Gaza é a prova cabal desse fato. A ONU não tomou nenhuma medida efetiva contra o genocídio sionista, nem mesmo quando o Conselho de Segurança foi pressionado por maioria dos seus membros. Quando “Israel” atacou o Irã, tampouco houve condenação ou retaliação. Pelo contrário, os governos dos países imperialistas saíram em defesa da entidade sionista. Quando o Irã respondeu, foi acusado de “agressor”.

A crença de que o imperialismo possa ser vencido por meio de reformas dentro desse sistema é, portanto, uma armadilha. A crise internacional em curso não será resolvida por negociações pacíficas nem por iniciativas diplomáticas, como pretendem os propagandistas do “mundo multipolar”. Essa visão oculta, de forma consciente ou não, o fato de que os próprios países promovidos como expoentes do “multilateralismo” — como Rússia, China e Irã — são alvos permanentes do cerco imperialista e enfrentam enormes limitações.

A luta desses países contra o imperialismo deve ser apoiada, mas é preciso reconhecer seus limites. Nenhum bloco de nações será capaz de derrotar, por si só, o imperialismo. Essa tarefa cabe à revolução proletária internacional. A derrubada do imperialismo só poderá ocorrer por meio da luta de classes, com a construção de partidos operários revolucionários, da organização dos trabalhadores nos países oprimidos e nos próprios centros imperialistas.

O imperialismo, mesmo em crise, não está passivo. Ao mesmo tempo que enfrenta derrotas em Gaza e vê o exército sionista em frangalhos, já articula novos conflitos: rumores de guerra entre Síria e Líbano, manobras diplomáticas para desarmar o Hesbolá, chantagens sobre o governo libanês e movimentações militares com apoio turco revelam que a ofensiva imperialista continua em andamento.

Em resumo, a “ordem multilateral” é uma farsa. O que existe é a luta de classes em escala mundial, travada sob o domínio da ditadura imperialista. A política de frente ampla internacional, promovida por Lula e pelo PT, apenas reforça a ilusão de que seria possível domesticar o imperialismo. Cabe aos revolucionários denunciar essa ilusão e apontar o único caminho viável: a construção de uma direção operária internacionalista, capaz de impulsionar a revolução nos países oprimidos e no próprio coração do sistema imperialista.

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Last Update: 14/07/2025