O tarifaço imposto por Donald Trump a quase todos os países do mundo causou um furor econômico que não se via há muito tempo. Esse caos levou a maioria das nações afetadas a buscar alternativas para sustentar suas balanças comerciais. Os BRICS e principalmente a China, que detém a segunda maior economia mundial, vislumbraram o distanciamento dos EUA como uma oportunidade de fortalecer o sul global.
O Brasil, buscando fortificar o mercado interno, está usando o momento de crise para criar laços com Beijing, o principal parceiro comercial do Brasil, conquistando investimentos que abarcam setores-chave da nossa economia. A China responde por 28% do valor total exportado e por 41,4% do superavit comercial do nosso país e as áreas de mobilidade, energia renovável, tecnologia, mineração e semicondutores serão as mais desenvolvidas.
Confira as principais empresas que anunciaram invenstimentos no Brasil:
GWM – Montadora
A Great Wall Motors (GWM) anunciou R$ 6 bilhões para expandir sua operação no Brasil entre 2027 e 2032, com o lançamento de dois novos modelos nacionais. O valor se soma aos R$ 4 bilhões já aplicados entre 2022 e 2025 para reativar uma fábrica em Iracemápolis (SP).
Meituan – Delivery
Líder em entregas na China, a Meituan vai entrar no mercado brasileiro sob a marca Keeta, já presente em Hong Kong e na Arábia Saudita. O investimento supera R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos, com previsão de gerar cerca de 100 mil empregos indiretos. A empresa também deve instalar uma central de operações no Nordeste.
Envision Energy – Energia renovável
A Envision Energy vai investir R$ 5 bilhões na construção do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, no Rio de Janeiro. A unidade será voltada à produção de combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio verde e amônia verde.
CGN – Energia
A China General Nuclear (CGN) vai investir R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí. O projeto envolve geração eólica, solar e armazenamento, com capacidade prevista de até 1,4 GW e mais de 5 mil empregos na fase de construção.
Mixue – Alimentação
A rede de fast food Mixue vai iniciar operações no Brasil com um investimento de R$ 3,2 bilhões. A empresa usará frutas brasileiras para produzir sorvetes e bebidas geladas como chás. A expectativa é abrir lojas começando por São Paulo e criar 25 mil empregos até 2030.
Baiyin Nonferrous – Mineração
A mineradora Baiyin Nonferrous adquiriu a brasileira Vale Verde por R$ 2,4 bilhões, impulsionada pela alta demanda chinesa por cobre. A unidade poderá produzir anualmente:
- 400 mil toneladas de cobre
- 400 mil de chumbo e zinco
- 15 toneladas de ouro
- 500 toneladas de prata
Longsys/Zilia – Tecnologia
A Longsys, por meio da subsidiária Zilia, vai investir R$ 650 milhões para ampliar as fábricas em Atibaia (SP) e Manaus (AM). O foco está na montagem de dispositivos eletrônicos, semicondutores e de memória (DRAM e Flash).
DiDi/99 – Mobilidade e logística
A controladora do app 99, DiDi, anunciou R$ 1 bilhão para relançar o serviço de entregas 99Food e investir na eletrificação da frota. A empresa pretende instalar cerca de 10 mil pontos de recarga no país.
Outras parcerias Brasil-China
Além dos investimentos diretos, há acordos estratégicos entre essas empresas:
- Nortec Química + empresas chinesas: R$ 350 milhões em insumos farmacêuticos
- Raízen + SAFPAC: Produção de combustível sustentável de aviação (SAF) na China
- Fiocruz + Biomm: Produção nacional de insulina para até 16 milhões de brasileiros
- ABES + ZGC: Cooperação em inteligência artificial, dados e capacitação
- Eurofarma + Sinovac: Criação do Instituto Brasil-China de Biotecnologia