
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, tem enfrentado críticas de aliados próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro por não apoiar publicamente a anistia ao ex-chefe do Executivo, e por evitar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As insatisfações foram reveladas pela colunista Letícia Casado,no portal Uol. O atual chefe do executivo paulista é considerado um dos nomes mais fortes para a sucessão presidencial em 2026, caso Bolsonaro permaneça inelegível.
Na última sexta-feira (11), o jornalista Paulo Figueiredo, aliado da família Bolsonaro e crítico do STF, afirmou nas redes sociais que Tarcísio “atrapalha”, após o governador se reunir com um representante da Embaixada dos Estados Unidos para tratar do aumento tarifário de 50% sobre produtos brasileiros, imposto por Donald Trump. A declaração marca o início de críticas públicas ao governador por figuras do bolsonarismo, até então restritas aos bastidores.
Segundo Letícia, aliados da família Bolsonaro já demonstravam desconforto com a postura do representante paulista em conversas reservadas. O principal incômodo é a falta de posicionamento claro em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a ausência de críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes ou ao STF. Esse comportamento é visto como distanciamento do discurso central do bolsonarismo.
A situação se agravou nesta semana, quando Tarcísio buscou protagonismo ao viajar a Brasília com a intenção de intermediar uma solução diplomática e econômica para o chamado “tarifaço” de Trump. O gesto foi interpretado como tentativa de capital político, o que irritou apoiadores de Bolsonaro, especialmente Eduardo Bolsonaro, que vive nos Estados Unidos desde fevereiro e tenta articular apoio entre congressistas ligados a Donald Trump.

Eduardo Bolsonaro tem priorizado a defesa da anistia como tema central, diante da expectativa de que tanto ele quanto o pai possam enfrentar condenações. Nesse contexto, a aproximação do líder estadual paulista com autoridades diplomáticas e sua ênfase em temas econômicos têm sido vistas como uma mudança de rota em relação à linha dura esperada pelo bolsonarismo.
O incômodo ganhou visibilidade com a postagem pública de Paulo Figueiredo, que também vive nos Estados Unidos e responde a acusações ligadas à tentativa de golpe de Estado. Figueiredo criticou diretamente Tarcísio, marcando o governador em sua publicação, gesto considerado inédito até então por aliados.
A tensão expôs um possível racha entre Tarcísio e o núcleo duro do bolsonarismo. A postura mais moderada do governador, voltada ao diálogo institucional, tem sido mal recebida entre apoiadores mais radicais do ex-presidente, que esperam lealdade irrestrita às pautas de enfrentamento ao Judiciário.
Com o enfraquecimento de Tarcísio nesse grupo, setores do mercado financeiro, especialmente na Faria Lima, passaram a observar o governador do Paraná, Ratinho Júnior, como uma alternativa viável para a disputa presidencial de 2026. O nome dele tem sido citado como possível substituto dentro da ala conservadora, diante do impasse entre Tarcísio e os bolsonaristas.