O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou em discurso no plenário da Casa, nessa quarta-feira (9/7), que Brasil não aceitará “agressão” de Washington. O petista anunciou que serão tomadas medidas de retaliação contra os Estados Unidos em resposta à decisão do governo americano de taxar os produtos brasileiros. A medida é considerada uma “interferência inaceitável” na soberania nacional.
A fala do parlamentar ocorreu após o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar a aplicação de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros, insinuando uma sanção contra atitudes das instituições brasileiras pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua derrota nas eleições de 2022. As taxas entrarão em vigor no dia 1º de agosto.
Lei da Reciprocidade
Guimarães destacou que o Congresso Nacional aprovou em abril a Lei 15.122/2025, Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Executivo adotar sanções comerciais e sobre propriedade intelectual contra países ou blocos que pratiquem “medidas unilaterais prejudiciais à competitividade brasileira”. “Foi esta Casa que aprovou essa lei, que deu ao governo brasileiro as condições para retaliar. E o governo não vai aceitar essa decisão americana, porque ela fere a soberania do Brasil, os acordos internacionais e, sobretudo, a democracia brasileira”, afirmou o líder petista.
Interferência política
O deputado acusou os EUA de tentar influenciar politicamente o Brasil. Guimarães cita especificamente os julgamentos no STF sobre os ataques de 8 de janeiro. “O governo americano quer interferir no julgamento do STF contra aqueles que articularam a tentativa de golpe? Se quer isso, o Brasil não vai aceitar. Essa atitude fere todos os princípios do direito internacional”, disse.
Guimarães revelou que o governo já convocou o embaixador brasileiro em Washington para consultas e está em reunião com diplomatas para definir uma resposta à altura.
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Agronegócio e união nacional
O líder do governo citou preocupações da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) com os impactos da taxação sobre o agronegócio, setor vital para as exportações brasileiras. No entanto, criticou parlamentares que, segundo ele, “vestem a carapuça do governo americano”. “Aqueles que se dizem aliados do agronegócio agora viram as costas para os produtores e se alinham aos interesses dos EUA. O Brasil precisa se unir para dizer ‘não’ aos Estados Unidos e ‘sim’ à nossa soberania”, declarou.
Resposta do Brasil
Guimarães adiantou que o Governo Lula anunciará em breve medidas concretas e defendeu uma união internacional contra o “autoritarismo” de Washington. “O Trump precisa entender que não manda no mundo. O Brasil tem uma política externa altiva, baseada no diálogo, não em ameaças. Vamos mostrar que este país tem lei e governo”.
Do site do PT na Câmara
