Há 150 anos, em 9 de julho de 1875, camponeses sérvios da vila de Nevesinje, na Herzegovina, deram início à Revolta Herzegovina, uma insurreição contra o Império Otomano. A rebelião, que se alastrou pela Bósnia, foi a resposta do povo trabalhador aos impostos abusivos e à opressão feudal dos otomanos. Sob a liderança de Mićo Ljubibratić e Jovan Gutić, os rebeldes enfrentaram o império, revelando sua fraqueza e contribuindo para a independência futura dos povos balcânicos.
Naquele dia, em Nevesinje, a revolta começou com um ataque de camponeses sérvios a uma guarnição otomana, motivado pela cobrança de tributos exorbitantes. Desde o século XV, o Império Otomano controlava a região, impondo um sistema feudal em que camponeses cristãos, majoritariamente sérvios, eram explorados por senhores muçulmanos e funcionários corruptos. A crise econômica dos anos 1870, agravada por secas e aumento de impostos, tornou a situação insuportável, levando o povo à luta. O ataque em Nevesinje ganhou apoio imediato, espalhando-se para vilas como Gacko e Bileća.
Os insurgentes, equipados com rifles simples, foices e machados, usaram táticas de guerrilha contra as forças otomanas, compostas por soldados regulares e milícias. Ljubibratić, um exilado sérvio com experiência militar, organizou os rebeldes, que incluíam camponeses bósnios muçulmanos, também oprimidos. Montenegro e Sérvia, vizinhos da região, ofereceram apoio tímido, movidos por ambições nacionalistas, mas sem enfrentar diretamente os otomanos.
A revolta enfrentou repressão violenta. O império enviou milhares de soldados, promovendo massacres contra civis cristãos, como em Stolac.
A brutalidade otomana atraiu a atenção de potências europeias, como Rússia e Áustria-Hungria, que exigiram reformas. Em 1876, a rebelião alcançou a Bósnia, mas a falta de armas e organização limitou os rebeldes. Mesmo assim, a Revolta Herzegovina abalou o controle otomano.
O conflito terminou com intervenção externa. A guerra russo-turca de 1877-1878, impulsionada pela crise balcânica, resultou no Tratado de Berlim, em 1878. A Bósnia e Herzegovina passaram à administração da Áustria-Hungria, e Sérvia e Montenegro conquistaram independência. A revolta não deu vitória direta aos camponeses, mas enfraqueceu o império e abriu caminho para a libertação dos Bálcãs.