Na última semana, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe das cinzas o Poder Moderador e suspendeu todos os decretos da Presidência da República e do Congresso Nacional relativos ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
“Concedo a medida cautelar, ad referendum do plenário desta suprema Corte, para suspender os efeitos dos decretos presidenciais 12.466/2025, 12.467/2025 e 12.499/2025, assim como do Decreto Legislativo 176/2025”, escreve Moraes em sua decisão da última sexta-feira (4).
O ministro ainda determinou a realização de uma audiência de conciliação entre o governo federal e o Congresso sobre o tema, a ocorrer em 15 de julho na sala de audiências do Supremo, em Brasília.
“Comunique-se ao presidente da República e ao presidente do Congresso Nacional, para ciência e cumprimento imediato desta decisão, solicitando-lhes informações, no prazo de cinco dias.”
Moraes já é craque na prática de inconstitucionalidades flagrantes. Sua atuação enquanto juiz do Supremo se resume a rasgar a Constituição Federal dia sim, dia também. No entanto, durante todos esses anos, a esquerda brasileira fechou os olhos às ilegalidades que julgou serem favoráveis a seus objetivos políticos imediatos. Defendendo o skinhead de toga do STF sempre que possível.
Agora que o ministro prejudica o governo Lula, a esquerda resolve reagir. Jeferson Miola, por exemplo, um dos grandes defensores de Moraes no Brasil 247, afirmou que “a soberania popular não conferiu ao STF legitimidade para agir como ator determinante da cena política”. Algo surpreendendo levando-se em conta que este é o mesmo cidadão que defendeu a pena draconiana dada pelo ministro do Supremo a Débora Rodrigues por pintar uma estátua com batom — aí, sim, teria legitimidade?
É correto denunciar a ilegalidade da medida de Moraes. Mas não se pode deixar passar um oportunismo político tão grande quanto o demonstrado por Miola — que, justiça seja feita, não é posicionamento exclusivo do colunista.
O STF, principalmente por meio de Moraes, passou as últimas décadas tomando controle do regime político para conseguir tomar decisões como essa sem muito escândalo. E onde estava a esquerda enquanto o circo estava sendo montado? Estava aplaudindo, de maneira quase que incondicional, todas as ilegalidades perpetradas pela Corte.
Agora, aquilo que inicialmente foi feito contra a extrema direita, contra os bolsonaristas, se volta contra o governo Lula. Mais uma demonstração de que a repressão sempre se voltará contra os trabalhadores e seus representantes, independentemente de seu alvo inicial.
Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei. É isso que defende a esquerda pequeno-burguesa que, cega para a realidade, não percebe que passou anos amarrando a corda no próprio pescoço.