Em meio as novas ameaças comerciais feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump após a reunião do Brics, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou o impasse nas negociações entre Brasil e Estados Unidos. Em conversa com jornalistas nesta terça-feira (8), na entrada do Ministério da Fazenda, Haddad afirmou que as declarações do republicano ainda exigem análise.
“Tem um grau de incerteza nas falas que precisam ser avaliadas com o tempo. Os prazos estão sendo prorrogados, têm muitas idas e vindas, nós temos que aguardar”, disse o ministro, reforçando a necessidade de cautela diplomática.
Conforme noticiado pelo GGN, o governo brasileiro apresentou há cerca de dez dias uma proposta formal aos EUA com sugestões de reciprocidade comercial. No documento, Brasília se dispôs a reduzir a tarifa de 18% sobre o etanol americano — uma das principais queixas de Washington — desde que, em contrapartida, os Estados Unidos abrissem seu mercado ao açúcar brasileiro.
Apesar da falta de resposta dos EUA, Haddad confirmou que uma equipe do governo Lula segue negociando diretamente com autoridades norte-americanas. Ele destacou que o foco está no trabalho técnico, e não nas declarações públicas de Trump, que geram instabilidade.
“Tem uma equipe do presidente Lula sentada à mesa com o governo americano tratando do nosso acordo bilateral. Então, estamos focando no trabalho técnico feito por eles, porque se considerar tudo que está sendo dito, nós vamos nos perder em um discurso que pode não conduzir para o melhor resultado para os dois países”, afirmou Haddad.
O ministro também reiterou a importância da diversificação das relações comerciais brasileiras. Segundo ele, o país não pode depender exclusivamente de uma única potência ou bloco, sob o risco de perder soberania econômica.
“Nós não podemos, pela escala da economia brasileira, prescindir dessas parcerias [com a União Europeia e os acordos bilaterais no Oriente Médio], nós não podemos tornar apêndice de um bloco”, argumentou o ministro.