O presidente Lula (PT) discursou neste domingo 6 na 17ª Cúpula do Brics, que ocorre no Rio de Janeiro até a segunda-feira 7. É o quarto encontro da cúpula no Brasil.
Em seu discurso de abertura, o presidente frisou que, de todas, a atual cúpula é a que acontece em ‘cenário global mais adverso’, destacando os ataques ao multilateralismo, os esforços das governanças globais em financiar uma corrida armamentista, e os inúmeros conflitos presenciados pelo mundo.
“A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos colapso sem paralelo do multilateralismo”, afirmou o presidente. “Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque”, completou.
Lula criticou os conflitos de guerra pelo mundo, bem como os esforços de lideranças globais para promover a corrida armamentista.
“Nos defrontamos com número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. A recente decisão da OTAN alimenta a corrida armamentista. É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para Assistência Oficial ao Desenvolvimento”, criticou Lula.
“Isso evidencia que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”, completou o presidente.
Lula citou os ataques recentes entre Israel e Irã, e a intervenção dos Estados Unidos, e cravou: “O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano”. O presidente também citou a guerra entre Israel e o Hamas, com fortes consequências na Faixa de Gaza, e defendeu o fim da ocupação israelense na área e a criação de um estado palestino.
“Absolutamente nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e a matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra. A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967”, declarou. O presidente ainda falou sobre a urgência de se encontra uma solução pacífica para o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Lula ainda destacou o papel dos BRICS para contribuir para uma atualização da governança global, de modo que as crises que afetam o mundo não sejam ignoradas por parte da comunidade internacional. O presidente voltou a defender uma revisão do Conselho de Segurança da ONU, a partir da inserção de países da Ásia, África e América Latina e Caribe.
“Se a governança internacional não reflete a nova realidade multipolar do século XXI, cabe ao BRICS contribuir para sua atualização. Sua representatividade e diversidade o torna uma força capaz de promover a paz e de prevenir e mediar conflitos”, afirmou.
“Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança. Torná-lo mais legítimo, representativo, eficaz e democrático. Incluir novos membros permanentes da Ásia, da África e da América Latina e do Caribe”, defendeu Lula. É mais do que uma questão de justiça. É garantir a própria sobrevivência da ONU”, reforçou.
“Adiar esse processo torna o mundo mais instável e perigoso. Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade”, finalizou.