O líder da Revolução Islâmica e da República Islâmica do Irã, Saied Ali Khamenei, fez sua primeira aparição pública desde o fim da guerra entre “Israel” e Irã neste sábado (5), durante uma cerimônia religiosa em Teerã. Segundo informou a rede libanesa Al Mayadeen, Khamenei participou da cerimônia de luto pela véspera do dia de Ashura, realizada na Hussainiya do Imã Khomeini, em um evento marcado por forte simbolismo religioso e político. O líder foi ovacionado.
Durante o conflito e após o cessar-fogo, Saied Khamenei foi alvo de declarações provocativas e ameaças diretas por parte de autoridades dos Estados Unidos e de “Israel”. O ex-presidente norte-americano Donald Trump chegou a afirmar publicamente que ele próprio havia sido “o motivo de Khamenei ainda estar vivo”, sugerindo que impediu sua execução por parte das forças norte-americanas ou de “Israel”. A declaração foi amplamente condenada internacionalmente como um desrespeito e uma incitação ao terrorismo de Estado.
De maneira ainda mais explícita, o atual ministro da Segurança do regime sionista, Israel Katz, revelou que o governo israelense chegou a planejar o assassinato de Khamenei, mas que não encontrou uma “janela operacional viável” para executar o plano.
Diante dessas declarações, o governo iraniano apresentou uma queixa formal à Organização das Nações Unidas (ONU). Em carta entregue ao secretário-geral da organização, o embaixador iraniano Amir Saeid Iravani condenou o que chamou de “ameaças deliberadas” e classificou as falas como uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, que proíbe expressamente o uso ou ameaça de força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado. O Irã exigiu uma condenação formal das ameaças feitas por Trump, Netaniahu e Katz.
A cerimônia que marcou a reaparição pública de Saied Khamenei é uma das mais importantes do calendário xiita. Ashura é o nome dado ao décimo dia do mês de Muharram, o primeiro mês do calendário islâmico, e remete ao martírio do imã Hussein ibn Ali, neto do profeta Maomé, assassinado em 680 d.C. na batalha de Karbala.
Para os muçulmanos xiitas, Hussein representa o exemplo supremo de resistência à opressão, e sua morte é símbolo de sacrifício e fidelidade aos princípios do Islã. As cerimônias de Ashura incluem orações, recitação de poemas religiosos, encenações do martírio e, em muitos países, procissões de luto. No Irã, essas cerimônias ganham também um forte caráter político, sendo uma reafirmação pública da luta contra a opressão imperialista e da continuidade da revolução islâmica.
As ameaças contra Khamenei provocaram forte repúdio em toda a região. Diversos chefes de Estado, parlamentares, líderes religiosos e organizações políticas emitiram notas condenando o plano de assassinato e expressando solidariedade ao Irã.
A reaparição pública do líder iraniano, em meio a uma cerimônia carregada de significado histórico e espiritual, foi interpretada como uma demonstração de firmeza diante das ameaças imperialistas. “Quando se vê o líder da Revolução de pé, ao lado de seu povo, em um momento tão sagrado, entende-se a profundidade da resistência”, comentou a emissora Al Mayadeen.
A presença de Khamenei reafirma que o Irã permanece firme em sua posição de confrontação com o imperialismo norte-americano e com o sionismo, mesmo após o fim imediato dos bombardeios. Ao escolher a Ashura para se apresentar ao público, o líder iraniano envia uma mensagem clara: o martírio e a resistência continuam sendo os pilares centrais da luta da República Islâmica.