A Cúpula do Brics 2025, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de julho, selará compromissos em três áreas-chave: combate às mudanças climáticas, regulação da inteligência artificial e erradicação de doenças socialmente determinadas. As decisões, discutidas pelos sherpas (negociadores dos 11 países-membros), serão formalizadas em declarações conjuntas e refletem o esforço brasileiro para incluir questões sociais na pauta internacional.
“O esforço brasileiro é trazer estes temas para o centro da agenda desses grandes grupos. Na presidência a gente tem a possibilidade de fazer isso. Como fizemos no G20, com o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, e agora fazemos com o lançamento da parceria para a eliminação das doenças que a gente chama as doenças da pobreza – tuberculose, hanseníase, malária, dengue, febre amarela”, afirmou o embaixador Mauricio Lyrio, coordenador das negociações.
Clima e saúde em foco na agenda brasileira
A agenda climática ganha centralidade diante da proximidade da COP30, que será sediada em Belém, em novembro. Os países do Sul Global pressionam as nações desenvolvidas por financiamento da transição energética. “Precisam cooperar no financiamento da transição dos países que ainda não se desenvolveram plenamente”, disse Lyrio.
Além disso, as resoluções discutidas incluem o fortalecimento de sistemas de saúde e a promoção da segurança alimentar, com o objetivo de atacar as raízes da desigualdade. O Brasil busca, com essa cúpula, “reequilibrar a agenda internacional, frequentemente centrada em disputas geopolíticas, para incluir prioridades como erradicação da pobreza, segurança alimentar e fortalecimento de sistemas de saúde”, destacou nota oficial da organização.
Lula defende nova governança global e alerta para riscos da IA
Durante a abertura do Fórum Empresarial do Brics neste sábado (5), o presidente Lula (PT) reforçou a importância do bloco. “Durante o ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. Os Brics seguem como fiador de um futuro promissor”.
Lula também destacou o papel das nações do bloco na transição verde: “Nossos países já estão entre os maiores investidores de energia renovável do planeta. Há imenso potencial para ampliar a produção de biocombustíveis, baterias, placas solares e turbinas eólicas”.
O presidente ainda alertou sobre os perigos da concentração tecnológica: “A inteligência artificial traz possibilidades que há poucos anos sequer imaginávamos. Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor”.
Apesar das ausências de Xi Jinping e Vladimir Putin — representados por seus chanceleres e, no caso da Rússia, por videoconferência —, o Brasil lidera uma cúpula com foco em ação concreta. A presidência brasileira do Brics vai até o fim de 2025.
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com agências