O presidente Lula (PT) defendeu neste sábado (5), no Rio de Janeiro, o protagonismo dos países emergentes na construção de uma nova ordem econômica internacional. Ao abrir o Fórum Empresarial do BRICS, Lula afirmou que o bloco, formado por 11 países, é hoje um polo de dinamismo econômico e cooperação estratégica diante da instabilidade global.

Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. O BRICS segue como fiador de um futuro promissor”, disse o presidente, em um dos trechos mais fortes de sua fala.

Bloco supera crescimento global e mira liderança verde

Lula destacou que, enquanto o mundo cresceu 3,3% em 2024, os países do BRICS registraram uma expansão média de 4%. Segundo ele, esse ritmo superior reflete o fortalecimento de um modelo de desenvolvimento sustentável e cooperativo. “Com o crescimento de países parceiros e convidados, consolidamos o grupo como um polo aglutinador de economias prósperas e dinâmicas”, afirmou.

O presidente também ressaltou que o intercâmbio comercial entre o Brasil e os demais membros do BRICS alcançou 210 bilhões de dólares no ano passado, superando mais que o dobro do volume negociado com a União Europeia. Só em produtos do agronegócio, foram exportados 71 bilhões de dólares.

Para Lula, os países do bloco têm condições de liderar uma nova economia pautada por agricultura sustentável, indústria verde, infraestrutura e bioeconomia. O presidente lembrou que os BRICS reúnem 33% das terras agricultáveis do mundo e respondem por 42% da produção agropecuária global.

Governança global da inteligência artificial é urgente, diz Lula

Outro ponto de destaque do discurso foi o alerta para os riscos da inteligência artificial (IA). Lula afirmou que, sem diretrizes claras e coletivas, as tecnologias serão moldadas apenas pela experiência das grandes corporações de tecnologia.

A inteligência artificial traz possibilidades que, há poucos anos, sequer imaginávamos. Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor”, advertiu.

O presidente defendeu que o BRICS lidere uma governança multilateral da IA, de forma a garantir que os avanços tecnológicos sirvam ao bem comum e não ampliem desigualdades sociais ou geopolíticas.

Investimentos estratégicos e combate à fome

Durante seu discurso, Lula também detalhou iniciativas do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado pelo BRICS, que já aprovou 40 bilhões de dólares em 120 projetos de infraestrutura, saneamento e energia limpa. Ele citou ainda o esforço dos bancos centrais do bloco para desenvolver sistemas de pagamento instantâneos e transfronteiriços, com o objetivo de facilitar o comércio e reduzir custos financeiros.

O presidente lembrou que o BRICS foi essencial para a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e defendeu que o combate às desigualdades seja visto como motor do crescimento.

Mulheres, paz e desenvolvimento

Lula aproveitou o evento para parabenizar a Aliança Empresarial de Mulheres pelo trabalho em prol da igualdade de gênero e destacou que ampliar a participação feminina na economia acelera o crescimento e melhora a produtividade.

Ele encerrou sua fala reafirmando o compromisso com a paz e a solidariedade. “Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado. O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo”, afirmou. “Ao invés de barreiras, promovemos integração. Contra a indiferença, construímos solidariedade“, completou.

Evento antecede Cúpula do BRICS

O Fórum Empresarial foi organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a presença de lideranças empresariais, políticas e diplomáticas. Além de Lula, participaram da abertura o vice-presidente Geraldo Alckmin, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim — atual presidente da ASEAN — e o presidente da CNI, Antonio Ricardo Alvarez Alban.

O evento antecede a Cúpula de Chefes de Estado do BRICS, que será realizada no domingo (6) e segunda-feira (7), também no Rio de Janeiro. Sob a presidência brasileira, o grupo discute temas como governança global inclusiva, transição energética, financiamento ao desenvolvimento, paz e regulação da inteligência artificial.

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Last Update: 05/07/2025