O presidente do Conselho de Caciques do Território Barra Velha do Monte Pascoal, Cacique Suruí Pataxó, foi vítima de uma emboscada e perseguição política da Força Nacional de Segurança Pública na manhã da última quarta-feira (2), no município de Porto Seguro, no Extremo Sul da Bahia.

O índio foi preso juntamente com outros três companheiros Pataxó e todos foram torturados física e psicologicamente, além de haver uma tentativa de forjar um “cenário” para assassinar o cacique. As acusações levantadas pela Força Nacional e pelas polícias Civil e Militar do estado da Bahia são extremamente fantasiosas.

A primeira delas é a de que Suruí estaria com um arsenal de guerra dentro do veículo. As únicas testemunhas da situação são os próprios policiais da Força Nacional, e nenhuma arma de uso restrito ou de grosso calibre, tampouco grande quantidade de munição, foi apresentada. Além dessa acusação, os detidos também foram enquadrados por formação de quadrilha, sob a alegação de que Suruí seria uma das lideranças dos caciques da Terra Indígena, devido à sua posição de presidente. Acusaram-no ainda de aliciamento de menores, pois dois dos índios detidos eram menores de idade.

Cacique Suruí é uma liderança importante na luta pela terra na região e já foi ameaçado de morte diversas vezes. Neste momento, continua sob ameaça de latifundiários e grileiros.

Há uma enorme repressão do estado da Bahia e crescente violência dos latifundiários contra os índios Pataxó, que vem se intensificando nos últimos anos. Foram cinco assassinatos desde 2023, e, neste ano, já se somam quatro. Além disso, houve prisões políticas como a do Cacique Bacurau e outras 25 prisões realizadas pela operação criminosa conduzida pelo secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, e pelo secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, batizada de Operação Pacificar.

A Força Nacional foi enviada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e pelo Ministério da Justiça para “pacificar” a região e impedir novos conflitos. Mas o que precisa ficar claro para os índios e militantes é que seu verdadeiro objetivo é reprimir o povo Pataxó, impedir novas retomadas e a autodemarcação. A prisão do Cacique Suruí torna isso ainda mais evidente.

Está cada vez mais claro que há uma perseguição contra lideranças Pataxó promovida pelos latifundiários, com apoio de setores do governo do estado da Bahia, em conluio com os mesmos latifundiários. A prisão do Cacique Suruí, representante de mais de 50 caciques da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, segue a mesma linha de perseguição, com o objetivo de impedir a demarcação do território reivindicado pelo povo Pataxó.

O povo Pataxó tomou a decisão correta e imediatamente fechou a rodovia BR-101, nas imediações do Trevo do Parque, próximo ao município de Itamaraju, e declarou que só liberará o trânsito quando Suruí for libertado.

Agora é preciso que as organizações populares, partidos de esquerda e sindicatos apoiem essa luta, para evitar a repressão e a violência policial, e ajudem a garantir a liberdade do Cacique Suruí.

Liberdade para o cacique Suruí!

Fora Força Nacional das terras Pataxó!

Demarcação já!

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Last Update: 05/07/2025