Mudança de endereço, dificuldade em fazer amigos, ser vítima de bullying e convívio em um arranjo familiar não convencional (em que os pais são separados ou rotina com meios-irmãos) são fatores constantemente associados a problemas de saúde mental de adolescentes no Brasil e no Reino Unido.
A conclusão é do estudo do Departamento de neuropsiquiatria da Universidade Federal de Santa Maria, publicado no Journal of Child Psychology and Psychiatry, que contou com a participação de 2010 jovens brasileiros e 9.746 britânicos durante três anos.
Apesar de apresentar variáveis semelhantes, a saúde mental de jovens britânicos é mais afetada por casos de bullying, enquanto no Brasil a problemática familiar tem maior influência sobre o emocional de crianças e adolescentes.
Os fatores analisados foram:
Conexão social estrutural
• Tamanho da família / domicílio;
• Número de irmãos ou meios-irmãos no domicílio;
• Estado civil da mãe: casada ou vivendo com o pai biológico; separada vivendo com outra pessoa; separada; mãe solteira; viúva e outros;
• Autorrelato de “ter um bom amigo” (sim / não);
• Morte de pai / mãe ou cuidador (não / sim);
• Mudança de endereço desde a última entrevista (não / sim);
Conexão social funcional
• Bullying sofrido relatado pelo próprio (nunca / alguma vez);
• Bullying praticado relatado pelo próprio (nunca / alguma vez);
Conexão social de qualidade
• Relatado pelos pais que “se dá bem com os amigos” (sem dificuldades / com dificuldades);
• Relacionamento cuidador principal-criança (próximo / não próximo);
“Os resultados indicam que existem fatores sociais gerais e específicos que impactam a saúde mental de jovens de diferentes países. E também reforçam a importância de se levar em consideração esses fatores para o desenho de políticas públicas que promovam ambientes sociais saudáveis para os jovens, adaptadas às necessidades de diferentes populações”, afirma Maurício Scopel Hoffmann, um dos autores da pesquisa.
O artigo Social connection and its prospective association with adolescent internalising and externalising symptoms: an exploratory cross-country study using retrospective harmonisation pode ser lido no link.
*Com informações da Agência Fapesp.
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