Os congressistas democratas discutem nesta terça-feira 9, em uma reunião, se o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve continuar na corrida pela reeleição, após a desastrosa participação no debate contra o republicano Donald Trump.
Enquanto isso, o presidente, de 81 anos, focará em reforçar sua reputação internacional com um discurso na cúpula pelo 75º aniversário da Otan em Washington.
O líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, se encontrou com colegas preocupados que o caos provocado pelo debate, no qual Biden perdeu o fio do que estava dizendo várias vezes e parecia confuso, coloque em risco seus assentos nas eleições de novembro.
Jeffries, que afirmou na segunda-feira que ainda apoia o pressionado presidente, reuniu todo o grupo democrata.
A tensão é palpável. Segundo relatos da mídia americana, telefones foram proibidos para evitar vazamentos em tempo real.
Os democratas do Senado também irão debater sobre a candidatura de Biden em um almoço nesta terça-feira.
Até agora, a maioria dos democratas tem apoiado publicamente Biden, mas o partido permanece dividido após o catastrófico debate, que foi assistido por cerca de 51 milhões de americanos.
“Ele simplesmente precisa renunciar”, disse o democrata da Câmara dos Representantes Mike Quigley à CNN, a caminho da reunião.
No entanto, Jerry Nadler, democrata de maior patente no Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes, apoiou Biden, apesar de relatos da imprensa indicarem que ele recentemente sugeriu que o presidente deveria abrir caminho para outro candidato.
“Ele disse que vai continuar (na corrida), ele é nosso candidato e todos vamos apoiá-lo, espero que todos apoiemos”, disse a jornalistas.
A crise tem causado agitação no partido quando faltam menos de quatro meses para as eleições.
“Não acho que já estive em um ambiente político mais complicado em minha vida”, reconheceu o senador John Hickenlooper em um café da manhã de trabalho para a cúpula da Otan.
“A pura verdade”
Biden reafirmou na segunda-feira que está determinado a permanecer na corrida e desafiou os democratas insatisfeitos a se candidatarem durante a convenção do partido em agosto.
O presidente mais velho na história dos Estados Unidos afirmou que seu mau desempenho no debate, durante o qual ficou de boca aberta várias vezes, foi devido a uma “má noite” causada por um resfriado e pelo jet lag de viagens internacionais.
A Casa Branca também interveio. Seu médico pessoal afirmou na segunda-feira que Biden foi examinado por um especialista em doença de Parkinson apenas como parte de exames neurológicos de rotina durante seu exame médico anual.
Biden se dirigirá aos líderes da Otan às 17h locais (18h de Brasília) em um discurso que será observado de perto tanto nacionalmente quanto pelos aliados internacionais, que temem o retorno do isolacionista Donald Trump.
Até agora, os esforços de Biden não conseguiram convencer o conselho editorial do jornal The New York Times.
Em um artigo crítico, o conselho editorial argumentou que os democratas “precisam dizer a ele a pura verdade”.
“Eles precisam dizer que seu desafio ameaça dar a vitória ao Sr. Trump. Eles precisam dizer que ele está se ridicularizando e colocando em perigo seu legado”, insiste o jornal.
Biden está atrás nas pesquisas e a atenção da mídia agora se concentra em suas fraquezas, em vez de em seu rival, Donald Trump, alvo de condenações judiciais e que ainda tem vários processos em aberto.
O próprio republicano rompeu dias de silêncio desde o debate, declarando à Fox News na segunda-feira que acredita que Biden resistirá à pressão e permanecerá na corrida.
“Ele tem um ego e não quer desistir”, considerou o ex-presidente de 78 anos.