Na manhã desta quarta-feira (2), no município de Porto Seguro, Extremo Sul da Bahia, duas viaturas da Força Nacional de Segurança Pública perseguiram e prenderam quatro índios pataxó dentro da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal.
Um dos índios presos é Wellington Braz, conhecido como Cacique Suruí e presidente do Conselho de Caciques do Território de Barra Velha do Monte Pascoal, que aglutina mais de 50 caciques de todo o território Pataxó que está sendo reivindicado.
A prisão ocorreu durante uma emboscada organizada pela Força Nacional que parou o veículo em que se encontrava Suruí e outros três pataxó. Suruí foi prontamente identificado e passou a sofrer agressões e ameaças dos policiais.
A imprensa local, vendida para os latifundiários, veiculou a mentira da polícia de que foi encontrado um arsenal de guerra com os índios. As testemunhas, no entanto, são somente os policiais da Força Nacional que realizaram a emboscada.
O trajeto da terra indígena até a delegacia durou horas e os policiais pararam as viaturas com os índios presos por cinco vezes. Segundo denúncias, os agentes colocavam todos de joelhos, apontavam as armas para suas cabeças e diziam “correm”, “podem correr”, “o cano da arma está até quente”, para que os índios corressem e os policiais atirassem contra eles.
A Força Nacional e a Polícia Civil queriam que Cacique Suruí fosse imediatamente para o Presídio de Eunápolis, tomado por diversas facções que atuam dentro das aldeias. Por isso, o pataxó correria risco de vida.
Além das acusações de porte de armas, a Força Nacional, com ajuda das polícias civil e militar, também enquadraram os índios em aliciamento de menores, pois havia menores de idade no carro, e formação de quadrilha, pois é presidente do conselho de caciques.
Cacique Suruí foi ameaçado de morte diversas vezes e os latifundiários chegaram a colocar um preço pelo seu assassinato. Agora, corre risco de vida nas mãos dos policiais que sempre perseguiram e assassinaram o povo Pataxó.
4 pataxó assassinados em 2025
No dia 5 de março, morreu, no Hospital Estadual Costa das Baleias (HECB), em Teixeira de Freitas, o índio pataxó João Celestino Lima Filho, de 50 anos, baleado por latifundiários na retomada da Fazenda Japara Grande, município Prado, Extremo Sul da Bahia.
O Pataxó João Celestino estava internado há um dia na unidade hospitalar após levar um tiro no abdômen, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu. Com isso, chegou a quatro o número de índios assassinados em três semanas nos municípios de Porto Seguro e Prado após uma ofensiva de latifundiários, grileiros e governo do estado da Bahia contra os índios para impedir a demarcação das terras dos pataxó na região.
No dia 11 de março, Vitor Braz e outro índio que estava na garupa sofreram uma embocada e foram assassinados. Eles eram moradores da Aldeia Terra Vista, próximo à aldeia Boca da Mata, e sofreram o ataque a caminho de sua residência.
No dia 16 de março, o índio Pataxó Célio Santana Neves, de 33 anos, estava encostado em uma cerca, quando uma motocicleta com dois homens encapuzados chegou ao local e o executaram também na aldeia Boca da Mata.
No dia 28 de março, o índio pataxó identificado como Wanderson foi brutalmente assassinado a tiros quando voltava para sua casa na Aldeia Boca da Mata, dentro da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, município de Porto Seguro.
É preciso lutar pela liberdade do Cacique Suruí Pataxó
O líder pataxó encontra-se preso e corre risco de vida, já que as forças policiais querem mandá-lo para os presídios da região. Claramente foi uma emboscada da Força Nacional que, no pouco tempo em que se encontra na região, já formou relações com os latifundiários.
É preciso exigir a imediata libertação do Cacique Suruí e a retirada de todos os processos fraudulentos contra ele forjados pelos policiais. Além disso, é preciso exigir a imediata retirada da Força Nacional, capacho dos latifundiários, das terras indígenas pataxó.
Para isso, é preciso fechar rodovias e organizar uma onda de retomadas até a sua libertação.
Liberdade para o cacique Suruí!
Fora Força Nacional das terras pataxó!
Demarcação já!