O Rio de Janeiro se prepara para receber a 17ª edição da Cúpula de Líderes dos Brics, realizada nos próximos dias 6 e 7. E entre as temáticas propostas pela organização do encontro está a taxação de grandes fortunas.
A aposta é da internacionalista e pesquisadora associada do GEBRICS Tainah Pereira, que participou do programa Observatório de Geopolítica da última quarta-feira (2).
Geralmente o encontro dos líderes dos Brics é realizado no final do ano, a fim de servir de balanço dos resultados do mandado do país que ocupou a presidência. No entanto, como o Brasil vai sediar a COP30, em Belém, o encontro foi antecipado, mas já com uma agenda de reuniões marcadas para todo o segundo semestre.
Para a 17ª Cúpula, a organização brasileira preparou documentos importantes, de acordo com Tainah, além de debates específicos, como o processo de desdolarização e financiamento climático.
“São duas prioridades colocadas pelo Brasil. A primeira é de respeito à cooperação do que se chama Sul Global e a segunda é sobre a parceria entre os BRICS mesmo para desenvolvimento social, econômico e ambiental. Esse processo foi dividido em áreas temáticas, são seis temas prioritários e para cada um deles tem alguns pontos que o Brasil quer destacar, quer chamar atenção”, comenta a pesquisadora.
A internacionalista comenta que uma das pautas prioritárias será a cooperação em saúde, em que os membros do Brics adotem um grande esforço global para eliminar doenças socialmente determinadas, como malária e diabetes.
Haverá, ainda, a revisão da parceria estratégica na área econômica dos Brics, estabelecida na Cúpula da Rússia em 2020, com uma visão de longo prazo para o bloco econômico. “É um documento que está olhando para 2030 e o que o BRICS vai ser capaz de produzir e fazer avançar nesses próximos cinco anos.”
“Tem o foco no debate que o BRICS quer mover para as Nações Unidas sobre taxação de grandes fortunas, um debate que já se estabeleceu ali no âmbito do G20, mas tem que passar para a ONU, e um debate importante também sobre a Organização Mundial do Comércio, principalmente nesse contexto em que a gente está agora de taxações, comércio internacional, voltar a fazer com que a OMC tenha protagonismo, tenha autoridade para decidir sobre esses casos de taxação”, continua Tainah Pereira.
Presidente dos Brics este ano, o Brasil deve propor ainda alternativas de governança da inteligência artificial, digitalização da economia e geração de empregos, além de esforços de bancos multilaterais para que financiem questões relacionadas ao clima.
“A mudança do clima é um desses seis temas elevados pelo Brasil, muito provavelmente deve sair uma declaração sobre o financiamento climático, a ideia que os Brics cheguem já com uma proposta conjunta na COP, e com isso antecipado uma série de debates”, conclui a pesquisadora.
Confira o programa na íntegra em:
LEIA TAMBÉM: