
Em meio à crise entre o governo Lula (PT) e o Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pediu ao número 2 da Fazenda, Dario Durigan, que a gestão petista abandone o discurso de “nós contra eles”, conforme informações do Estadão.
O pedido foi feito durante uma reunião na última quarta-feira (2), em Brasília, considerada o primeiro passo concreto para tentar distensionar a relação após a derrota do Executivo com a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Segundo interlocutores, Alcolumbre disse que o discurso precisa parar em nome da pacificação. Ele avaliou a conversa como positiva, mas evitou comentar detalhes. A reunião durou pouco mais de uma hora e foi solicitada por Durigan, que também conversou com deputados que permaneceram no Brasil e não viajaram para o Fórum Jurídico de Lisboa, conhecido como “Gilmarpalooza”.
A conversa ocorre após o agravamento da crise entre os Poderes. O Congresso derrubou o decreto de Lula que aumentava o IOF, e o governo decidiu recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão. Desde então, como admitiu o próprio Fernando Haddad, o diálogo com parlamentares foi interrompido.
Alcolumbre afirmou a aliados que está disposto a trabalhar para reduzir a tensão, mas espera sinais claros de que o governo também deseja pacificar. Foi a primeira vez que ele se encontrou com um representante da equipe econômica desde a votação do IOF.
Senadores disseram, em caráter reservado, que dois gestos do Planalto ajudaram a amenizar o clima: a aprovação da medida provisória que libera R$ 15 bilhões para o Minha Casa Minha Vida e a MP do crédito consignado privado — focadas na classe média.
Na reunião, Alcolumbre ainda reforçou que é preciso “calma e cautela” e alertou que o acirramento retórico prejudica o diálogo político.
