O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Buenos Aires com uma programação que expõe a abordagem do governo em relação à Argentina. Nesta quinta-feira 3, o petista tem encontro agendado com Cristina Kirchner, ex-presidenta do país que cumpre medida restritiva em sua residência após decisão judicial relacionada a processos de corrupção.

A visita oficial do brasileiro ao país vizinho, porém, não contempla reunião com Javier Milei, atual ocupante da Casa Rosada e conhecido por suas divergências políticas com Lula. O encontro com Cristina só foi possível por conta de uma autorização da Justiça argentina, atendendo a uma solicitação da própria ex-presidenta. O encontro deve acontecer à tarde, após o encerramento da cúpula de líderes do Mercosul.

Essa é a primeira vez que Lula pisa em solo argentino desde a posse de Milei, ocorrida em dezembro de 2023.

Embora o protocolo das cúpulas do Mercosul tradicionalmente preveja encontros reservados entre chefes de Estado, essa prática não deverá se repetir no caso dos dois presidentes. O distanciamento reflete as tensões acumuladas desde a campanha eleitoral argentina, quando Milei direcionou críticas contundentes tanto a Lula quanto ao Partido dos Trabalhadores.

A frieza nas relações bilaterais ficou evidente durante uma visita de Milei ao Brasil em 2024, ocasião em que o argentino optou por se reunir exclusivamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ignorando qualquer protocolo diplomático com o governo Lula

A cúpula do Mercosul na capital argentina representa um momento de transição institucional para o bloco. Isso se deve ao fato de que a Argentina está transferindo a presidência rotativa para o Brasil, seguindo o sistema que estabelece mandatos semestrais para cada país-membro.

O evento acontece apenas um dia após o anúncio da parceria comercial entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Segundo dados do Itamaraty, essa aliança estabelecerá uma zona de livre comércio abrangendo quase 300 milhões de habitantes e um PIB que ultrapassa 4,3 trilhões de dólares.

O Planalto pretende formalizar esse acordo ainda ao longo de 2025. Em paralelo, Lula quer impulsionar a ratificação do tratado entre Mercosul e União Europeia, concluído no ano passado após décadas de negociações complexas.

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Last Update: 03/07/2025