Durante a sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem aos 77 anos da Nakba, realizada nesta quarta-feira (2), o militante Thiago Ávila, coordenador da Flotilha da Liberdade, fez um pronunciamento em defesa do povo palestino e pela extinção do sionismo. Em tom direto e combativo, relatou sua experiência no barco humanitário Mavi Marmara, denunciou o genocídio em Gaza e apelou ao governo brasileiro pelo fim de todas as relações com a entidade sionista.
“Falar da Palestina histórica como um todo é falar da grande violação que acontece no mundo hoje”, declarou Ávila no início de sua fala. O ativista destacou que sua participação na Flotilha da Liberdade foi motivada pelo fracasso dos governos em proteger o povo palestino. “A nossa ação só existia porque os governos falharam com o povo palestino”, afirmou.
Ávila traçou uma linha histórica do processo de colonização da Palestina desde 1947, denunciando a limpeza étnica iniciada pelas organizações terroristas sionistas Haganá, Irgun e Lehi. Lembrou que “Israel” se apropriou de 78% do território palestino já em 1949 e passou a ocupar integralmente a Cisjordânia e Gaza a partir de 1967.
Ao abordar a situação atual, o militante citou números alarmantes: “’Israel’ já matou mais de 68 mil pessoas identificadas, mas segundo pesquisas da Universidade de Harvard pode passar de 177 mil. Segundo a revista The Lancet, pode passar de 250 mil”. Destacou ainda o massacre de civis: “mais de 10 mil crianças amputadas sem anestesia, mais de 317 trabalhadores da ONU assassinados, mais de mil profissionais da saúde e mais de 215 jornalistas”.
Para Thiago Ávila, o sionismo é a raiz do problema: “Israel pratica genocídio e limpeza étnica. Há oito décadas estruturou um estado de colonização e apartheid regido por uma ideologia racista e supremacista chamada sionismo. Essa ideologia precisa ser derrotada e extinta da face da Terra, como foi o apartheid e o nazismo”.
Respondendo às críticas feitas contra a resistência palestina, Ávila invocou a Carta da ONU para reafirmar a legitimidade da luta armada contra a colonização:
“Segundo o artigo 51 da ONU, o crime é a colonização, não é lutar contra ela. Portanto, nunca podemos condenar um povo que resiste com os meios que tem”.
O coordenador também denunciou a cumplicidade das potências mundiais com o genocídio e afirmou que os povos do mundo, ao contrário dos seus governos, têm cumprido o dever de solidariedade. “As ruas estão enchendo de novo porque as pessoas entenderam que, se os governos falham, o povo precisa fazer”, declarou.
Thiago Ávila exigiu que o Brasil rompa imediatamente todas as relações com a entidade sionista:
“O Brasil não pode ser o quarto maior exportador de petróleo para essa máquina genocida. Não pode comprar drones, fuzis, softwares de espionagem usados contra o nosso próprio povo. Não pode manter um acordo de livre comércio com ‘Israel’. Nós simplesmente não podemos compactuar com o genocídio.”