Anabolizada pelo “orçamento secreto” e suas variantes e tomada pela direita e sua versão mais extremada, a Câmara passou a, cada vez mais, desafiar os demais poderes da República, o que piorou com a chegada de Lula à presidência pela terceira vez.

São inúmeros os episódios de hostilidade ao governo federal e ao Supremo Tribunal Federal, comportamento aferido em pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (2).

Antes de chegar nesses números, é importante destacar que a maioria da Câmara (45%) é assumidamente de direita; a esquerda soma 21% e os deputados que se dizem de centro ficam em 25%.

Tendo em vista esse cenário, um dos principais indicadores dessa animosidade entre poderes está na avaliação dos deputados ao trabalho feito pelo STF: 48% o consideram negativo; 27% positivo e 18% regular.

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Além disso, a maioria dos parlamentares, 49%, acredita que a Corte frequentemente invade as competências do Congresso; 28% dizem que isso acontece às vezes; 12% raramente e 5% nunca.

“Mas essa animosidade não é, na opinião dos deputados, suficiente para que eles acreditem que o Congresso chegue a aprovar o impeachment de um ministro do Supremo num futuro próximo”, explicou, via redes sociais, o professor e CEO da Quaest, Felipe Nunes.

Desejo explícito da extrema direita, o afastamento de um ministro da Corte é visto como realmente possível por 22% dos parlamentares; a grande maioria, 65%, diz que o afastamento não seria aprovado e 13% não souberam ou não quiserem responder.

Relação com o governo

No caso da relação com o governo Lula, 46% a consideram negativa, 27% positiva e 24% regular, o que, em boa medida, reflete a divisão ideológica da Câmara. Quanto à percepção que os parlamentares têm dessa relação, 51% a vêem como negativa, 30% como regular e 18% como positiva.

“A consequência direta dessa relação piorada é que aumentou e chegou a 57% os deputados que acham que o governo tem baixas chances de aprovar sua agenda no segundo semestre. Houve uma reversão completa na percepção dos parlamentares na comparação com esse mesmo período em 2023”, apontou Nunes.

Em agosto daquele ano, essa era a opinião de 37% dos deputados; 56% acreditavam, então, que as chances eram altas. Agora, os que as consideram baixas somam 57%, ante 36% que as vêem como altas. A maioria, 45%, atribui o problema à falta de articulação do governo, 33% ao impasse sobre a anistia e 15% à não liberação de emendas.

A metade deles acredita que as eleições do ano que vem serão vencidas por um candidato da oposição, enquanto 35% apostam em Lula ou em outro nome do governo.

Perguntados se Bolsonaro deveria abrir mão da candidatura, 51% disseram que sim e somente 23% disseram que não; outros 26% não souberam ou quiserem responder. E a maioria, 49%, vê o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como principal candidato da oposição.

A pesquisa Genial/Quaest entrevistou uma amostra de 203 deputados federais. A amostra representa a distribuição regional e ideológica do plenário da Câmara. A margem de erro estimada é de 4,5 pontos percentuais e a confiabilidade é de 95%.

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Last Update: 02/07/2025