Evento de dois dias antecede a Cúpula de Líderes e visa consolidar a participação da sociedade civil nas decisões estratégicas.
Nos dias 4 e 5 de julho de 2025, o Rio de Janeiro será palco do Conselho Popular do BRICS, reunindo especialistas, autoridades e representantes de movimentos sociais do Brasil e países membros do bloco. O encontro acontece dois dias antes da 17ª Cúpula de Líderes do BRICS, marcada para 6 e 7 de julho no Museu de Arte Moderna (MAM).
A iniciativa marca um momento histórico na participação da sociedade civil nas discussões do BRICS, criando um canal direto entre movimentos populares e chefes de Estado. O editor do Cafezinho, Miguel do Rosário, fará a cobertura completa com publicações no Brasil 247, Revista Fórum, DCM e Cafezinho.
Brasil na presidência: cooperação do Sul Global
Em 2025, o Brasil assumiu a presidência rotativa do BRICS sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. O bloco hoje representa mais de 40% da população mundial e cerca de 35% do PIB global, estabelecendo-se como alternativa ao sistema de governança dominado pelas potências ocidentais.
A presidência brasileira definiu seis prioridades: cooperação em saúde global, comércio e finanças com uso de moedas locais, mudança climática, governança da inteligência artificial, arquitetura de paz e segurança, e desenvolvimento institucional do BRICS.
Conselho Civil: democratizando as decisões
O Conselho Civil do BRICS foi criado após o Fórum Civil de julho de 2024 na Rússia e endossado pelos líderes na Declaração de Kazan. Pela primeira vez, representantes da sociedade civil apresentaram propostas diretamente aos sherpas dos países membros em abril de 2025, no Rio de Janeiro.
No Brasil, o Conselho organizou trabalhos em sete grupos temáticos: saúde pública global, educação não-ocidental, ecologia e justiça climática, cultura e arte, sistema financeiro multipolar, segurança cibernética e inteligência artificial, e institucionalidade para a paz mundial.
Programação: dois dias de debates estratégicos
Sexta-feira, 4 de julho:
A programação inicia às 10h30 com a Mesa de Abertura, coordenada por Judite Santos (Conselho Popular do BRICS/Alba Movimentos), com participação do Ministro Marcio Macedo (Secretaria Geral da Presidência), Embaixadora Paula Aguiar (Itamaraty), prefeito Eduardo Paes, vereadora Maíra do MST, Elias Jabbour (Instituto Pereira Passos), Antonio de Freitas (Ministério da Fazenda) e Victoria Panova (Civil BRICS Council/Rússia).
Das 11h30 às 13h30, a mesa “O BRICS e a Ordem Multipolar Emergente” será coordenada por Marco Fernandes (MST), com Antonio de Freitas, Rita Coitinho (CEBRAPAZ), Raymond Matala (África do Sul), Marta Fernandez (BRICS Policy Center), Elias Jabbour e o jornalista Pepe Escobar.
Das 15h às 17h, “O BRICS e a Economia Internacional” será coordenado por Fabiano Mielniczuk (NEBRICS-UFRGS), contando com Paulo Nogueira Batista Jr. (ex-NDB/ex-FMI), Victoria Panova, Ah Maftucgan (Indonésia), Marco Fernandes e Ana Priscila (Marcha Mundial de Mulheres).
Sábado, 5 de julho:
Às 8h30, Reunião restrita do Conselho Civil. Às 10h, Intervenções Internacionais com representantes de todos os países membros, incluindo Dr. Pir Hossein Kolivand (Irã), Alena Peryshkina (Rússia), Dr. Binod Singh Ajatshatru (Índia), Mayada Belal (Egito), Fassikau Molla Amera (Etiópia), Zhang Zhishuai (China), Raymond Matlala (África do Sul), Hoda Al Khzaimi (Emirados Árabes Unidos), Ah Maftuchan (Indonésia) e Majed Abdulaziz Al-Turki (Comitê Árabe-Russo).
Das 14h às 15h, “O BRICS e a América Latina” contará com os embaixadores Manuel Vadell (Venezuela) e Adolfo Curbelo (Cuba), Luz Angela (Colômbia), Socorro Gomes (CEBRAPAZ) e João Pedro Stédile (MST).
O evento se encerra com a Apresentação do Documento Final às 15h e Coletiva de Imprensa às 16h30.
Impacto estratégico
O Conselho Popular funciona como “pré-cúpula” da sociedade civil, sistematizando demandas populares para influenciar as discussões oficiais. O documento final servirá como input direto para os chefes de Estado, representando inovação na diplomacia multilateral ao garantir participação efetiva da sociedade civil.
Esta experiência pode servir como modelo para outros fóruns internacionais, diferenciando o BRICS pela inclusão democrática nas decisões estratégicas. Para o Brasil, sediar este evento histórico reforça sua liderança na promoção de alternativas ao sistema internacional vigente.
O Rio de Janeiro, que já sediou conferências decisivas como Rio-92 e Rio+20, adiciona mais um capítulo como palco de debates sobre o futuro da humanidade, consolidando-se como epicentro de discussões que podem redefinir as relações de poder global.