
As tarifas impostas por Donald Trump já impactam duramente as exportações brasileiras aos Estados Unidos. Segundo levantamento da Câmara de Comércio Brasil-EUA, cinco dos dez produtos mais exportados pelo Brasil ao mercado americano registraram queda significativa entre janeiro e maio. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
O aumento de tarifas de até 50%, somado à concorrência de países com acesso preferencial, como o Canadá, tem reduzido a competitividade brasileira em setores estratégicos.
Entre os principais produtos afetados estão:
- Semiacabados de ferro ou aço: queda de 16,4% nas exportações entre janeiro e maio.
- Óleo combustível de petróleo: retração de 28% no acumulado do ano e queda de 50,5% apenas em maio.
- Ferro-gusa: queda de 7,3% em valor e 5,1% em volume exportado.
- Celulose: redução de 15,2% no valor e 8,5% na quantidade exportada entre janeiro e maio; em maio, a queda foi de 35%.
- Equipamentos de engenharia: queda de 30% no valor exportado e 24,5% no volume.
- Motores de pistão: queda de 26,6%.
- Açúcar e melaços: retração de 20,3%.
- Madeira: queda de 18,9% nas vendas.
Apesar do aumento geral das exportações brasileiras para os EUA — que atingiram US$ 16,7 bilhões entre janeiro e maio, alta de 5% —, a balança comercial foi negativa para o Brasil. As importações americanas cresceram 9,9% no mesmo período, totalizando US$ 17,7 bilhões e gerando um déficit de US$ 1 bilhão.
A Câmara de Comércio Brasil-EUA alerta que, “mesmo com o crescimento global, nem todos estão ganhando”, e o Brasil começa a acumular perdas comerciais no mercado norte-americano.

A entidade destaca ainda que parte dos embarques de semiacabados de aço tem sido redirecionada para portos próximos ao México, com destino à indústria mexicana, e não diretamente aos EUA. Isso reforça a avaliação de que há uma queda real no consumo de produtos brasileiros no mercado americano.
Em 4 de junho, a tarifa sobre o aço brasileiro foi elevada para 50%, o que tende a intensificar os prejuízos nos próximos meses.
O tarifaço de Trump foi anunciado em 2 de abril, atingindo dezenas de países, com prazo de negociação até 9 de julho. No caso do Brasil, as tarifas foram mantidas em 10%, e setores como a siderurgia enfrentam tributos mais altos, entre 25% e 50%.
“O papel estratégico dos EUA como principal destino de bens industrializados brasileiros” permanece, segundo a Câmara, mas com risco crescente para vários segmentos da indústria nacional.
Em contrapartida, alguns setores ainda conseguem crescer. Entre janeiro e maio, 79% das exportações brasileiras aos EUA foram de bens industriais, com destaque para carnes bovinas (alta de 196%), sucos de frutas (96,2%), café (42,1%) e aeronaves (27%).
Esses produtos, segundo a entidade, “estão conseguindo manter a competitividade no mercado dos EUA mesmo com a aplicação de tarifas”.