Fortes chuvas castigaram o estado de Alagoas, especialmente a capital Maceió, nos últimos dias, resultando no transbordamento de rios e lagoas e deixando famílias desabrigadas. Essa devastação, que se repete anualmente, não é apenas um fenômeno natural, mas o resultado direto da política neoliberal, que desvia recursos necessários para que a população não sofra com as consequências de eventos climáticos extremos.

A aposentada Maria de Lourdes da Silva, que foi encaminhada a um abrigo provisório na Escola Municipal Mário Soares Palmeira, relatou seu desespero. “Eu não dormi um tico essa noite só pensando na água. Quando eu saí de casa, [a água] já estava no meio da janela”.

Outra moradora desabrigada, a aposentada Virgínia dos Santos, 69 anos e cadeirante, contou que perdeu a conta de quantas vezes precisou sair de casa por causa das enchentes do rio São Miguel. “Desde 2010 que a gente sofre. Sofre mesmo. Perdemos coisas. Perdemos roupas”, afirmou a moradora, demonstrando o drama recorrente vivido pelas populações vulneráveis. Alagoas está sob alerta máximo devido às chuvas, com a Defesa Civil Estadual e a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) monitorando a situação dos rios e lagoas.

A Lagoa Manguaba, por exemplo, ultrapassou a cota de transbordamento e atingiu 2,75 cm no Povoado Auxiliadora, no município de Marechal Deodoro, cuja cota é de 2,70 cm no povoado e de 2,84 cm no centro da cidade. O monitoramento apontou também elevação nos níveis dos rios Manguaba e Camaragibe, além da própria Lagoa Manguaba. O alerta de chuvas se estende para as regiões do Litoral, Zona da Mata, Baixo São Francisco e Agreste alagoano, indicando um cenário de risco generalizado para a população.

Em Maceió, o mês de junho registrou chuvas 41% acima da média prevista para todo o período, com 457 mm de precipitação. Durante o mês, a Defesa Civil Municipal atendeu a 217 ocorrências. Nos últimos 15 dias de junho, o órgão registrou 52 pessoas desalojadas, que tiveram de deixar suas casas temporariamente e buscar abrigo na casa de parentes. Considerado todo o primeiro semestre, a Defesa Civil de Maceió recebeu 1.793 chamados. Edificação com problema de estrutura foi a ocorrência mais comum (545), seguida de ameaça de deslizamento de solo (296).

Apesar do volume alto de chuvas e um número expressivo de ocorrências neste primeiro semestre, o coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, declarou que “não tivemos acidentes graves. Isso reflete o impacto do trabalho preventivo e a consciência da população em deixar os locais de risco nos dias de fortes chuvas”. O mês de maio, no entanto, também registrou um número maior de chuva, que ultrapassou o que era previsto para o mês em 75%, e o número de ocorrências foi de 1.148, evidenciando a recorrência do problema.

A devastação causada pelas chuvas é um produto direto da política neoliberal, que retira recursos essenciais da população e da infraestrutura, impedindo investimentos em moradia digna e saneamento básico. A ausência de ações adequadas, somada à especulação imobiliária, força a população pobre a viver em áreas de risco, transformando cada chuva forte em uma tragédia social.

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Last Update: 02/07/2025