Nos últimos anos, Portugal se consolidou como um dos principais destinos para empreendedores que desejam acessar o mercado europeu.
Com uma população de cerca de 10 milhões de habitantes, o país já abriga mais de 1 milhão de imigrantes. Os brasileiros representam 60% desse total.
Atraídos por incentivos do governo, segurança e qualidade de vida, muitos enxergam o território português como ponto de partida estratégico para a expansão internacional de seus negócios.
Lisboa, capital do país, foi eleita em 2023 como a Capital Europeia da Inovação. O reconhecimento rendeu à cidade 1 milhão de euros para investimento em pesquisa tecnológica.
Além disso, a cidade sedia, desde 2016, o Web Summit — um dos principais eventos globais de inovação e tecnologia.
A edição de 2024 bateu recorde de público e contou com mais de 400 startups brasileiras, a segunda maior delegação do evento.
O ambiente também é impulsionado por iniciativas públicas.
Programas como o Startup Visa e o Tech Visa incentivam a entrada de empreendedores estrangeiros.
Eles facilitam o processo de imigração e de abertura de empresas.
Além disso, há linhas de financiamento, isenções fiscais e programas de aceleração com recursos de fundos europeus.
O ecossistema local é reforçado por redes de incubadoras, aceleradoras e espaços de coworking.
Esse conjunto atrai também profissionais qualificados de diferentes nacionalidades.
Planejamento e realismo são necessários
Apesar dos atrativos, empreender em Portugal exige preparo e conhecimento específico.
De acordo com Higor Ferro Esteves, autor do artigo original, “o processo de chegada, estabelecimento e consolidação pode se tornar um labirinto se não houver suporte adequado”.
Ele vive e empreende em Portugal há 21 anos.
Segundo ele, é comum encontrar empresários que chegam ao país com expectativas elevadas, mas sem um plano concreto de atuação.
Ainda mais, muitos baseiam suas decisões em relatos de amigos ou familiares que vivem no país, o que pode distorcer a percepção sobre o ambiente de negócios.
Por isso, antes mesmo de sair do Brasil, Esteves recomenda buscar uma mentoria a distância.
A indicação é procurar uma incubadora com experiência no mercado português.
Essa etapa ajuda a validar o projeto e a adaptar o modelo de negócio à realidade local.
Além disso, é necessário compreender a legislação e as obrigações tributárias.
A carga fiscal portuguesa é diferente da brasileira, e isso exige atenção.
Tributos como o IVA (equivalente ao ICMS) e o IRC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas) devem ser bem compreendidos.
Conhecer esses aspectos pode evitar passivos fiscais e garantir maior estabilidade para a empresa.
Incubadoras e networking como ponte para o crescimento
Ao chegar a Portugal, uma das recomendações práticas é iniciar a operação em um espaço de trabalho compartilhado.
Preferencialmente, esse escritório deve ter boa localização e permitir trocas com outros empreendedores.
Isso facilita o acesso a clientes e promove uma rede de apoio no início das atividades.
Segundo Higor Ferro Esteves, “optar por uma incubadora traz ainda mais benefícios para o negócio”.
A estrutura permite o acompanhamento por especialistas e a participação em programas de mentoria.
Também facilita o contato com investidores e outros fundadores.
Com isso, o empreendedor tem acesso a aconselhamento prático, com base em experiências anteriores.
Além disso, o networking ajuda a criar conexões que podem impulsionar a startup nos estágios iniciais.
As incubadoras também atuam como ponte entre bons projetos e fontes de financiamento.
Elas tornam os modelos de negócio mais atrativos para investidores dispostos a apostar no crescimento.
Para Esteves, “com uma boa ideia na cabeça e um planejamento adequado, Portugal pode ser a porta de entrada de seu negócio para toda a Europa”.