O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nesta segunda-feira 30 que a vice-presidente Francia Máquez deve explicar sua relação com um suposto complô para derrubá-lo do poder com ajuda de figuras de direita dos Estados Unidos.
O jornal espanhol El País revelou no domingo uma suposta trama do ex-chanceler Álvaro Leyva, que deixou o cargo em meados de 2024, para derrubar o presidente com a ajuda de políticos da direita colombiana e republicanos dos Estados Unidos.
Segundo os áudios nos quais se baseia o artigo, Leyva se reuniu com o congressista republicano Mario Díaz-Balart para “exercer pressão internacional” contra Petro, a quem o ex-chanceler acusou repetidamente de ser dependente químico.
As gravações dão a entender que a vice-presidente Márquez apoiava os planos do ex-chanceler. Mas a líder afro-colombiana negou seu envolvimento em “conspirações” através de um comunicado divulgado horas depois da publicação.
“Ela” e “todas as pessoas que nomeia ali [no artigo] […] devem dar explicações. E não somente políticas públicas, mas também perante a justiça”, disse Petro em uma conferência das Nações Unidas na Espanha.
O primeiro presidente de esquerda da Colômbia e sua número dois mantêm um distanciamento que se agravou nos últimos meses.
Em fevereiro, Márquez criticou a inclusão no gabinete presidencial do agora ministro de Interior, Armando Benedetti, por considerá-lo contrário ao projeto progressista e, em maio, acusou o governo de reproduzir “racismo” e “patriarcado”.
O novo confronto no seio do governo chega em meio à pior onda de violência da última década na Colômbia. Após o atentado de 7 de junho contra o aspirante presidencial de direita Miguel Uribe, e vários ataques de dissidentes da extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o Executivo assegura que há planos para desestabilizá-lo.
No começo do mês, Petro também falou de uma suposta tentativa golpista gestada na “extrema-direita” colombiana e americana.
“Não é mais que uma conspiração [de Leyva] com o narcotráfico e com a extrema-direita aparentemente colombiana e americana”, acrescentou ele nesta segunda-feira.
A relação bilateral entre Colômbia e Estados Unidos tem sido afetada pelos embates entre Petro e seu par americano Donald Trump, com episódios de crises diplomáticas pela guerra tarifária e a deportação de imigrantes.
A entrada da Colômbia no megaprojeto chinês Iniciativa do Cinturão e Rota e sua busca por novos parceiros comerciais também geram incômodo aos Estados Unidos, que devem decidir nos próximos meses se renovam a certificação do país sul-americano como aliados de seu programa antidrogas.