O presidente Lula (PT) embarca esta semana para Buenos Aires, onde participará da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. Durante o encontro, que ocorre entre os dias 2 e 3 de julho, a Argentina, sob a liderança de Javier Milei, transferirá ao Brasil a presidência rotativa do bloco.

A nova gestão brasileira promete uma agenda ambiciosa, marcada por prioridades econômicas, sociais e diplomáticas, que buscam modernizar e aprofundar a integração regional.

Acordo com União Europeia é prioridade

Entre os principais objetivos da presidência temporária brasileira está a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, tratado que vem sendo negociado há mais de duas décadas.

O governo Lula quer destravar os pontos sensíveis e acelerar a implementação do pacto, que promete impulsionar as exportações e abrir mercados para os produtos sul-americanos.

Além do acordo com os europeus, o Brasil quer consolidar a tarifa externa comum (TEC), reduzir exceções e fortalecer a união aduaneira do bloco.

A incorporação dos setores automotivo e açucareiro às normas comerciais do Mercosul também será um ponto central da nova gestão, que mira ampliar a competitividade regional.

Outro desafio será conduzir o processo de incorporação da Bolívia, que já teve sua entrada aprovada pelos parlamentos dos países-membros e agora tem um prazo de quatro anos para consolidar sua adesão.

O Brasil também lançará um plano ambiental regional, reforçando o compromisso com o desenvolvimento sustentável. A diplomacia brasileira aposta na combinação de crescimento econômico e responsabilidade climática como eixo estratégico da sua liderança regional

Protagonismo regional

A secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, destacou que o Brasil pretende conduzir uma presidência “vigorosa” do ponto de vista político-social. Estão previstas reuniões ministeriais e encontros de altas autoridades em áreas como direitos humanos, povos indígenas, mulheres e população negra.

“Começando a presidência pró-tempore brasileira, o objetivo fundamental sempre é aprofundar e modernizar o Mercosul”, afirmou a diplomata. Segundo ela, é preciso atualizar o bloco, criado há 34 anos, para que ele continue relevante diante das necessidades contemporâneas.

O Brasil considera que o nosso protagonismo global deve ter uma base regional forte. O Mercosul é a base dessa base, se eu posso dizer assim”, declarou Padovan, resumindo o espírito da nova fase que o governo brasileiro quer imprimir ao bloco.

O desempenho econômico do Mercosul reforça essa aposta. De janeiro a maio de 2025, o intercâmbio comercial entre os países do bloco somou US$ 17,5 bilhões (R$ 94 bilhões), com superávit de US$ 3 bilhões para o Brasil. Os principais produtos exportados são veículos de passageiros, partes automotivas e minério de ferro.

Agenda paralela

Durante a estadia na Argentina, Lula deve tentar visitar a ex-presidente Cristina Kirchner, com quem mantém relações próximas. O ex-ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, confirmou a intenção em entrevista a uma rádio argentina. A visita, ainda não confirmada oficialmente, reforça os laços históricos entre Brasil e Argentina.

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Last Update: 30/06/2025