Rússia lança 537 armas aéreas em 48 horas e expõe fragilidade militar ucraniana diante de um Ocidente que promete muito, mas entrega pouco


A Rússia lançou, na madrugada deste domingo (29), o maior ataque aéreo desde o início da invasão em 2022, marcando uma escalada significativa em sua estratégia de guerra e minando qualquer esperança de cessar-fogo em um conflito que entra em seu quarto ano. Segundo o governo ucraniano, Moscou disparou 537 armas aéreas em uma única noite, incluindo 477 drones explosivos e 60 mísseis de diferentes tipos. Das ameaças, 211 drones e 38 mísseis foram abatidos pelas defesas ucranianas, mas os danos foram substanciais.

O ataque, que atingiu cidades como Kherson, Kharkiv e Lviv, deixou um rastro de destruição em infraestruturas críticas e residenciais. Em Smila, região de Cherkasy, equipes de resgate trabalharam incansavelmente para conter incêndios e resgatar vítimas após ataques que destruíram prédios e deixaram civis desabrigados.

“Moscou está tentando esmagar nossa capacidade de defesa e testar nossa resistência psicológica”, afirmou Rustem Umerov, ministro da Defesa ucraniano, destacando que os drones russos, muitos deles baseados no modelo iraniano Shahed, agora voam mais alto e rápido, dificultando sua interceptação.

A estratégia russa também cobrou um preço humano. Um piloto ucraniano da Força Aérea, o general Maksym Ustymenko, morreu após abater sete alvos inimigos com seu caça F-16, mas perder o controle da aeronave ao ser atingido.

Em Kherson, um civil foi morto por um drone; em Kharkiv, dois homens perderam a vida ao terem seu carro atingido. Centenas buscaram refúgio em estações de metrô e abrigos subterrâneos, enquanto explosões ecoavam em várias cidades.

O presidente Volodymyr Zelensky, em mensagem nas redes sociais, pediu aos países ocidentais que acelerem o envio de sistemas de defesa antiaérea. “Precisamos proteger vidas com tecnologia avançada, como os sistemas americanos que estamos dispostos a comprar”, disse, alertando que Moscou não parará enquanto tiver capacidade de atacar. Sua declaração incluiu críticas à recusa dos Estados Unidos em vender novos mísseis Patriot, equipamentos essenciais para conter a escalada russa.

Enquanto isso, a Ucrânia anunciou a saída do Tratado de Ottawa, que proíbe minas antipessoal, após Zelenski assinar decreto permitindo seu uso. O parlamentar Roman Kostenko justificou a medida afirmando que a Rússia, não signatária do acordo, já emprega minas contra civis e tropas ucranianas. “Não podemos seguir regras que o inimigo ignora”, escreveu em rede social.

No front leste, o comandante-chefe Oleksandr Syrsky alertou que forças russas avançam com velocidade recorde, usando bombas guiadas e drones de fibra óptica para tentar cercar cidades estratégicas como Kostyantynivka e Pokrovsk. No norte, tropas de Kursk se aproximam de Sumy, colocando a capital regional em alcance de artilharia.

Análises indicam que a guerra tende a se intensificar no verão europeu, com Moscou priorizando a exaustão das defesas ucranianas e a pressão psicológica. Enquanto Kiev insiste na necessidade de apoio ocidental, críticas à OTAN crescem entre especialistas que veem na expansão da aliança um fator agravante do conflito. “A entrada da Ucrânia na OTAN seria um gatilho para uma guerra maior”, afirmou recentemente o historiador Sergiy Kudelia, em entrevista à BBC .

Com recursos limitados e um inimigo adaptativo, a Ucrânia enfrenta um dilema: continuar dependendo de armamentos estrangeiros ou buscar soluções internas para contrapor a máquina de guerra russa. Enquanto isso, civis pagam o preço da prolongada batalha geopolítica, onde a linha entre defesa e agressão se torna cada vez mais tênue.

Com informações de Financial Times*

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Last Update: 30/06/2025