O ex-presidente Jair Bolsonaro durante manifestação na Paulista neste domingo. Imagem: reprodução

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) interpretaram a manifestação deste domingo (29), liderada por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, como sinal de “desespero” e “cansaço” do ex-presidente e de seus apoiadores. Com informações do Valor Econômico.

O ato ocorre em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe e dias após o ministro Alexandre de Moraes abrir prazo para que os réus do chamado “núcleo crucial” do caso apresentem suas alegações finais. O julgamento pode ocorrer em setembro.

Um dos magistrados afirmou que os discursos tiveram “tom desesperado”, enquanto outro viu desgaste na mobilização e nas pautas recorrentes, como a anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro. Os ministros observaram a redução da adesão e o caráter defensivo dos discursos no palanque montado por Bolsonaro e aliados.

Durante o evento, Bolsonaro voltou a se defender das acusações e afirmou: “Posso ser vítima de uma covardia”, em referência à possibilidade de ser condenado pelo STF. Ele também pediu apoio político: “Se a gente conseguir eleger 50% da Câmara e do Senado, nem preciso ser presidente”.

Os ataques mais contundentes vieram do pastor Silas Malafaia, que voltou a criticar duramente o Supremo. Ele chamou Moraes de “ditador” e incentivou o público a gritar “assassino” contra o ministro. Malafaia também atacou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada com a PF.

Outro alvo do palanque foi a ministra Cármen Lúcia, criticada pelo senador Magno Malta (PL-ES), que a chamou de “tirana”. A fala fazia referência ao voto da magistrada no julgamento que ampliou a responsabilização das plataformas digitais no combate à desinformação.

Apesar do tom elevado dos discursos, ministros do STF notaram sinais de esgotamento no campo bolsonarista, tanto no número de participantes quanto na repetição das pautas. A percepção na Corte é de que o movimento vive um momento de perda de fôlego.

A manifestação foi organizada em meio ao avanço das investigações que envolvem Bolsonaro, e teve como pano de fundo a tentativa de mobilizar apoio popular e político às vésperas de um possível julgamento. A presença de líderes políticos e religiosos indica uma tentativa de demonstrar unidade, ainda que o público não tenha sido expressivo.

Estiveram no ato os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC) e Cláudio Castro (RJ), todos alinhados ao ex-presidente. Eles evitaram confrontos diretos com o STF, mas endossaram o discurso político de apoio a Bolsonaro.

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Last Update: 30/06/2025