A pressão por um acordo de cessar-fogo em Gaza ganhou novo fôlego nos últimos dias, impulsionada por declarações públicas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo retorno das manifestações populares em “Israel”. Trump utilizou sua plataforma Truth Social para exigir um acordo imediato, afirmando que “um acordo em Gaza pode sair na próxima semana” e cobrando que o regime israelense vá atrás de conseguir a libertação dos prisioneiros israelenses (chamados por Trump de “reféns”) mantidos pelo partido Hamas. As declarações revelam o cálculo imperialista, destacam a complexa teia de interesses na região, onde a vida dos palestinos é moeda de troca.

Trump afirmou que “todos querem o acordo” e que “ele pode acontecer rápido”, sugerindo que há negociações em curso com participação direta dos Estados Unidos, Catar e Egito. O próprio presidente, contudo, admitiu que o resultado final depende da disposição do Hamas e do governo de “Israel”, o que ressalta a posição de força da Resistência Palestina diante das chantagens imperialistas.

A conjuntura dessas declarações é marcada por negociações intensas entre as partes envolvidas, sob a égide dos mediadores imperialistas. Segundo as informações apuradas, a proposta em discussão prevê a libertação de dez reféns israelenses vivos e dezoito corpos, em troca da soltura de 1.236 prisioneiros políticos palestinos – heróis da resistência – e da devolução de 180 corpos de mártires.

O acordo também incluiria uma suspensão das operações militares por dez horas diárias, ampliadas para doze horas durante as trocas, além do reposicionamento das tropas de “Israel” no corredor de Netzarim e no norte da Faixa de Gaza. As conversas, mediadas por Estados Unidos, Catar e Egito, ocorrem em meio a um cenário de desgaste crescente para o governo de Benjamin Netaniahu, que enfrenta pressão tanto interna quanto externa para encerrar a fase atual do genocídio.

A movimentação diplomática de Trump ocorre em um momento em que as ruas de “Israel” voltam a sediar grandes protestos. Após duas semanas de interrupção devido à escalada da guerra com o Irã, os atos semanais em Telavive foram retomados com força total.

Milhares de pessoas, entre elas familiares de prisioneiros, ocuparam a praça central da cidade exigindo um acordo abrangente que leve à libertação de todos os reféns e ao fim da guerra em Gaza. Cartazes e discursos nos protestos acusaram o governo Netaniahu de negligenciar a vida dos prisioneiros e de prolongar o conflito por interesses políticos próprios.

As manifestações também incluíram apelos por eleições antecipadas, mostrando a crise de legitimidade enfrentada pelo atual governo sionista. Por um lado, as manifestações demonstram a fraqueza do regime sionista, mas por outro, não deixam de revelar a decadência de um povo que chora por dezenas de pessoas mantidas como prisioneiras, enquanto celebra a morte de dezenas de milhares de palestinos por conta do seu regime racista e colonial.

Durante os novos protestos, familiares dos reféns criticaram abertamente a condução das negociações por parte do governo de “Israel” e pediram maior envolvimento internacional, inclusive dos Estados Unidos, para pressionar o regime sionista a aceitar um acordo mais amplo, o que seria, de certa forma, uma vitória considerável para o eixo de resistência. Uma das pessoas presentes na manifestação destacou que “a guerra com o Irã acabou, mas nossos entes queridos continuam em Gaza. Não há mais desculpas para adiar um acordo”.

O clima nas ruas reflete a crescente insatisfação de setores da sociedade israelense com a condução da guerra e a percepção de que a continuidade do conflito não trará resultados positivos, após a exposição de farsas como a infalibilidade do Domo de Ferro e das forças sionistas, como apontado por pesquisas recentes que mostram metade da população descrente na solução militar. O retorno dos protestos ocorre após o fim da ofensiva militar contra o Irã, que havia levado à suspensão temporária das manifestações.

Com a retomada dos atos, o governo Netaniahu volta a ser pressionado não apenas a buscar um acordo para a libertação dos reféns, mas também a apresentar uma saída política para o impasse em Gaza. O envolvimento de Trump nesse processo, ao mesmo tempo em que busca capitalizar politicamente sua imagem de negociador, também serve como instrumento de pressão sobre o governo de “Israel”, que se vê cada vez mais isolado diante da opinião pública internacional e de sua própria população, revelando as rachaduras internas no bloco imperialista.

Enquanto Trump fala sobre os militares capturados, forçando um apoio, novos mísseis israelenses atingiram Gaza, inclusive com novas ordens de evacuação e intensificação dos bombardeios, mesmo diante do avanço das negociações. Essa política contraditória, típica de um regime acuado, tem sido alvo também de Trump.

O mandatário norte-americano vê seu capital político em xeque, à medida que aponta para o risco de que a escalada militar inviabilize qualquer entendimento. Ao mesmo tempo, fontes próximas ao governo dos Estados Unidos relataram à imprensa burguesa que o governo imperialista considera fundamental um acordo imediato para evitar o agravamento da crise causada pelo confronto direto entre “Israel” e Irã, evidenciando que a preocupação não é com a vida dos palestinos, mas com a estabilidade dos próprios interesses imperialistas na região.

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Last Update: 30/06/2025