O Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), em São Paulo, foi palco de um debate aprofundado sobre a Revolução Iraniana de 1979 e seu impacto na luta pela libertação da Palestina. Parte culminante de um dia de atividades organizadas pelo Partido da Causa Operária (PCO) em apoio ao Irã, a palestra proferida pelo xeque Hossein Khaliloo detalhou a história e as conquistas da revolução.

Khaliloo iniciou sua fala apresentando a história do Irã pré-revolucionário, descrevendo um país desolado pela ditadura imperialista, sobretudo norte-americanos e ingleses. Ele ressaltou a situação de opressão sob a ditadura do Xá Reza Pahlavi, que era um aliado de “Israel” e dos Estados Unidos na região. O xeque mencionou a chocante comparação de que

em certos locais.

A luta do Aiatolá Khomeini contra o imperialismo foi o ponto central de sua palestra. O xeque Khaliloo descreveu como Khomeini iniciou sua resistência, defendendo o direito do povo iraniano de se autogovernar e de controlar suas próprias riquezas.

Ele relatou os 15 anos de exílio de Khomeini na Turquia, Iraque e França, e como, mesmo à distância, sua mensagem de luta continuava a mobilizar o povo iraniano. O retorno triunfal de Khomeini ao Irã em 1979 foi descrito como um “milagre”, que culminou na escolha popular da República Islâmica por mais de 98% dos votos.

Um dos pontos mais destacados pelo xeque foi a prioridade dada à causa palestina desde o início da Revolução Iraniana. Segundo ele, Khomeini declarou a questão palestina como o “primeiro assunto do mundo islâmico” 46 anos atrás, em um período em que o tema recebia pouca atenção. Para manter a causa viva, Khomeini instituiu a última sexta-feira do mês do Ramadã como o Dia Internacional de Jerusalém, um dia de manifestações que se espalhou do Irã para outros países islâmicos e, hoje, para nações não islâmicas.

O xeque Khaliloo também abordou a resistência iraniana às tentativas imperialistas de desestabilização. Ele mencionou a ocupação da embaixada dos EUA em Teerã por estudantes e professores, que desmantelaram uma conspiração de golpe, e o fracasso da operação militar americana em Tabas, que visava resgatar os reféns, atribuído a um “milagre” divino. A decisão do Irã de não reconhecer Israel como um país, entregando sua embaixada em Teerã à Palestina, foi enfatizada, com a liderança iraniana classificando Israel como um “câncer” a ser erradicado.

A palestra detalhou como o Irã apoiou a Resistência Palestina, Libanesa e em outras nações na região, fortalecendo-as e lutando contra a ditadura imperialista. O xeque Khaliloo destacou o avanço do Irã em diversas áreas, como medicina e tecnologia, transformando-o em um centro de excelência na região, mesmo sob sanções e bloqueios. Ele citou o exemplo da medicina, onde o Irã, antes dependente de tratamentos no exterior, hoje recebe pacientes da Europa.

A guerra imposta pelo Iraque de Saddam Hussein ao Irã, com apoio imperialista, foi apresentada como mais uma tentativa de derrubar a revolução, que durou oito anos e custou mais de 400 mil vidas, mas não conseguiu tomar um pedaço sequer do território iraniano. O xeque também mencionou as sanções econômicas e a “guerra cultural” promovida por 400 canais por satélite disponibilizados gratuitamente, sem outro objetivo além de “estragar os jovens” iranianos, mas que falharam em seu objetivo de desestabilizar o país.

A questão nuclear iraniana foi outro tópico importante. O xeque Khaliloo afirmou que o Irã desenvolveu sua tecnologia nuclear internamente, sem depender de empréstimos externos. Ele desmentiu a propaganda ocidental sobre a busca iraniana por uma bomba atômica, reiterando que a liderança religiosa iraniana proíbe a posse de armas de destruição em massa. O uso da energia nuclear para fins pacíficos, como o aumento da durabilidade de produtos agrícolas e avanços na medicina e construção, foi enfatizado.

Durante a sessão de perguntas e respostas, o xeque Khaliloo abordou a polêmica questão do papel das mulheres na sociedade iraniana. Ele refutou a propaganda imperialista de opressão, citando direitos islâmicos que garantem à mulher sua subsistência pelo marido e sua liberdade para trabalhar em qualquer profissão, sem obrigação de gastar o que ganha. Ele destacou que 60% dos estudantes universitários no Irã são mulheres e que existem universidades exclusivas para elas.

Sobre o recente conflito com Israel, o xeque afirmou que os ataques iranianos atingiram bases militares e locais de espionagem israelenses, incluindo o porto de Haifa e um hospital militar. Ele explicou que o objetivo era fazer com que os israelenses sentissem medo e deixassem o território palestino. O xeque também comentou o papel da Rússia e da China, que apoiaram politicamente o Irã na ONU, e a importância do Irã como membro dos BRICS no cenário político global.

A palestra foi concluída com uma mensagem de esperança para o futuro, com a crença no retorno dos salvadores (Jesus e o Imam Mahdi), que trarão avanço tecnológico, fim da corrupção e opressão. O xeque Khaliloo incentivou o público a se unir e a estudar sobre a vida do Aiatolá Khomeini, considerado uma figura fundamental na derrota do imperialismo e do sionismo.

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Last Update: 30/06/2025