Nesse sábado (28), dezenas de organizações políticas, sindicais e populares se reuniram na Academia Paulista de Letras, no centro da capital paulista, para um importante ato em defesa da República Islâmica do Irã. A atividade foi convocada pelo Partido da Causa Operária (PCO) e contou com a presença de militantes de diversas cidades do Brasil, além de lideranças políticas e sociais da esquerda combativa.
O evento teve início por volta das 11h, com apresentação da Bateria Zumbi dos Palmares e palavras de ordem que marcaram o tom da manifestação: “Viva o Hamas, genocídio nunca mais!”, “Viva, viva a Palestina! Viva, viva o Irã! Viva, viva o Hesbolá!” e “Nenhum passo atrás, todo apoio ao Irã e ao Hamas!”.
Representantes de diversas organizações fizeram uso da palavra, defendendo a necessidade de apoiar incondicionalmente a resistência armada dos povos oprimidos do Oriente Médio. Pedro Burlamaqui, do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), abriu as falas destacando que “apoiar o Irã é apoiar a Palestina — e é também apoiar os povos em sua luta contra o imperialismo”.
A relação entre a luta pela terra no Brasil e a resistência palestina também foi ressaltada. João Pimenta, dirigente do PCO e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), enfatizou que “o inimigo do povo brasileiro é o mesmo inimigo do povo palestino”. Segundo ele, desde o 7 de outubro de 2023, data em que a resistência palestina iniciou sua grande ofensiva, a esquerda mundial vive um ponto de inflexão: “Estamos vencendo uma barreira histórica. O apoio ao povo palestino e ao Irã se tornou uma certeza cada vez mais compartilhada entre os setores combativos da esquerda”.
Ao longo do ato, foi reiterada a tese de que não é possível combater o imperialismo sem apoiar os povos oprimidos que estão na linha de frente do confronto direto com os grandes centros de dominação mundial. Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, afirmou em seu discurso:
“Quem levou adiante a guerra contra o Irã foi o imperialismo norte-americano, japonês e europeu. Os sionistas são testas de ferro deste grande bloco opressor de toda a humanidade. […] O Irã é uma força revolucionária fundamental nos dias de hoje.”
A fala ecoou entre os presentes, que acompanharam com atenção cada uma das intervenções. A defesa da República Islâmica do Irã, para além de seu caráter religioso ou de sua forma política, foi apresentada como uma necessidade da luta revolucionária internacional.
“Sem uma luta como a do Irã, não há como se pensar em revolução mundial”, afirmou Pimenta, reforçando o papel central que a república iraniana, o Hesbolá, os iemenitas e outros aliados vêm cumprindo na resistência à ofensiva genocida do sionismo.
Outros participantes denunciaram o caráter farsesco da propaganda imperialista. Izadora Dias, do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, criticou a manipulação do discurso feminista por parte dos inimigos dos povos:
“Enquanto eles dizem que os países islâmicos não respeitam as mulheres, estão bombardeando mulheres e crianças. Estão explodindo hospitais, atacando escolas, campos de refugiados, assassinando civis — o que revela a profunda covardia do sionismo e do imperialismo.”
Wallace, do Partido Operário Revolucionário (POR), responsabilizou diretamente os Estados Unidos por todas as guerras em curso no planeta. Ele afirmou que a nova tática do sionismo é matar os palestinos de fome e destacou a importância do fortalecimento dos protestos contra o genocídio.
O encerramento do ato se deu ao som do hino da Internacional Comunista, coroando um evento que teve como principal desdobramento a intensificação da campanha pelo rompimento das relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e o Estado de “Israel”.
Foram distribuídos adesivos e cartazes da campanha “Netaniahu procurado” e “Romper com ‘Israel’ já!”. Os materiais, assinados pelos Comitês de Luta, estão sendo utilizados em todo o País como ferramenta de agitação política, sem assinatura partidária, para facilitar sua ampla circulação.
O recado foi claro: diante da ofensiva imperialista, não cabe hesitação. É preciso intensificar a mobilização de rua, organizar os trabalhadores, denunciar a hipocrisia da imprensa capitalista e transformar a solidariedade internacionalista em ação concreta. Como destacou Cláudio, da FIST: “o papel dos movimentos é despertar o povo para exterminar o mecanismo imperialista”.