Nesse sábado (28), o discurso central do ato em defesa do Irã, ocorrido na cidade de São Paulo, ficou a cargo de Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO). Em sua fala, o dirigente trotskista, ressaltou a importância de apoiar os povos oprimidos na luta contra o imperialismo e de defender o legado da Revolução Iraniana.
Pimenta abriu sua fala relembrando a campanha do Partido em apoio à Argentina contra a Grã-Bretanha na Guerra das Malvinas, mesmo sob uma ditadura militar. “Para nós, é uma questão fundamental, a defesa dos povos oprimidos”, afirmou, destacando a postura do partido diante das invasões do Iraque e Afeganistão, independentemente do regime político dos países invadidos. Ele enfatizou que o imperialismo é “inimigo dos povos” e que a luta contra ele é “essencial para toda a luta revolucionária”.
O presidente do PCO dedicou grande parte de seu discurso a defender o Irã, classificando-o como uma “força revolucionária fundamental”. Pimenta argumentou que o ataque recente à nação persa foi orquestrada pelo imperialismo norte-americano, japonês e europeu, utilizando os sionistas como “testas de ferro”.
Ao contrastar o Irã com o Iraque de Saddam Hussein – que, segundo Pimenta, era um governo nacionalista com “grandes limitações” e “imbricado com o imperialismo” –, ele exaltou o papel iraniano no apoio a grupos como o Hamas, o Hesbolá e o Ansar Alá. “O papel revolucionário da República Islâmica é muito grande, é gigantesco”, disse, afirmando que “nunca houve antes no Oriente Médio uma força política com papel revolucionário tão destacado como o Irã”.
Pimenta considerou o recente confronto entre Irã e Israel como um “acontecimento mundial de uma importância incalculável”, marcando o “começo do fim do Estado de ‘Israel’”. Para ele, o poderio iraniano demonstrou que a função de Israel como base militar imperialista está comprometida.
Rui Pimenta rebateu críticas sobre o papel do clero xiita, argumentando que o xiismo é uma “religião de povos oprimidos” e foi o “veículo através do qual a maioria do povo iraniano combateu o regime criminoso, fascista do Xá Reza Pahlevi”.
Rui Pimenta associou a luta mundial contra o imperialismo à situação política brasileira, afirmando que “as burguesias nacionais em países como o Brasil são apenas os funcionárias do imperialismo”. O presidente do PCO alertou para o que chamou de “verdadeiro golpe de Estado” em curso no Brasil, que visa “tirar os dois candidatos mais populares da eleição” e introduzir uma pessoa “que não tem voto”, em uma tentativa de impor um “governo Milei” no país – sionista, neoliberal e repressivo.
Ao final de sua fala, Pimenta fez um apelo direto aos presentes para intensificar a campanha pela ruptura das relações diplomáticas e comerciais do governo brasileiro com Israel. “Nós temos que fazer desta campanha uma enorme campanha de agitação política no país inteiro”, declarou, incentivando a distribuição de materiais de propaganda dos Comitês de Luta.
Leia o discurso de Rui Costa Pimenta na íntegra
Companheiros, nosso partido tem como uma das suas pedras fundamentais a luta em defesa dos povos oprimidos contra o imperialismo. Uma das primeiras campanhas internacionais que fizemos, isso há 40 anos, mais ou menos — há 43 anos, para ser mais exato — foi uma campanha em defesa da Argentina contra a armada britânica que foi mandada para retomar as Ilhas Malvinas, que, por direito, pertencem à nação argentina. O Estado argentino, naquele momento, estava sendo controlado por uma das piores ditaduras criminosas que nós vimos aqui na América Latina e no mundo. Uma das piores. Matou 60 mil pessoas, a nata da juventude argentina. Desapareceu com mais de 11 mil pessoas, e essas pessoas nunca voltaram a aparecer.
Tendo consciência disso, e participando da luta contra a ditadura dentro da Argentina, nós, no Brasil, fizemos uma campanha em defesa da Argentina contra a armada britânica, contra a Grã Bretanha, contra a Margareth Thatcher.
Para nós, é uma questão fundamental, a defesa dos povos oprimidos. Nós estivemos, na medida das nossas forças, na dianteira de todas essas lutas. Quando os norte-americanos invadiram o Iraque, quando invadiram o Afeganistão, nós sempre estivemos na dianteira dessas lutas, sem levar em consideração – porque não se deve levar em consideração – qual é o regime político, qual é forma política do Estado do país que estava sendo invadido.
O imperialismo é inimigo dos povos. E a luta contra o imperialismo é uma questão essencial de toda a luta revolucionária.
O Irã foi agredido pelo imperialismo. A gente diz aqui “Israel”, a entidade sionista, a ocupação sionista… isso é um nome fantasia. Quem levou adiante a guerra contra o Irã foi o imperialismo. O imperialismo norte-americano, japonês e europeu. Os sionistas são testas de ferro deste grande bloco opressor de toda a humanidade. Muita gente fala que nós precisamos de um mundo multipolar. Na realidade, nós precisamos sair do cárcere mundial que é a ordem dominada pelo imperialismo, uma ordem que provoca desastres inconcebíveis em todas as partes do mundo. Basta a gente olhar a situação dos países pobres. Na América Latina, por exemplo, nós temos milhões de pessoas afundando na pobreza mais absoluta. Quem é responsável por isso? O imperialismo. Na África, temos um genocídio permanente. Quem é responsável por isso? O imperialismo.
As burguesias nacionais em países como o Brasil são apenas os funcionários do imperialismo. A Rede Globo? Porta-voz do imperialismo. As instituições políticas brasileiras?Totalmente a serviço do imperialismo. Então, essa luta é uma luta essencial.
No entanto, companheiros, eu queria chamar a atenção para o seguinte: o caso iraniano é também um caso especial. Deve ser considerado de uma maneira muito concreta. Por quê? Se nós defendemos o Iraque dirigido por Saddam Hussein contra o imperialismo, nós sabíamos das profundas limitações do nacionalismo iraquiano diante do imperialismo. Saddam Hussein, a mando do imperialismo, atacou o Irã no começo da revolução iraniana. Essa guerra provocou um milhão de mortos. Nós sabíamos isso. Era um governo nacionalista, mas era um governo nacionalista muito imbricado com o imperialismo. A própria invasão do Cuaite por Saddam Hussein, ele teve — ele se enganou, neste caso — a luz verde para ocupar o Kuwait. Quando ele ocupou, o imperialismo cortou a cabeça dele.
Nós apoiamos o Iraque. O caso iraniano, no entanto, não é assim. O Irã não é apenas um país oprimido que luta contra o imperialismo com grandes limitações. O Irã é uma força revolucionária fundamental nos dias de hoje. O que nós estamos assistindo na Palestina, eu não vou dizer que seria inconcebível, porque nosso partido acredita profundamente na capacidade de luta de todos os povos, mas seria muito mais difícil do que está sendo — e está sendo muito difícil — sem o apoio do Irã, sem o apoio do Hesbolá, que é uma organização xiita ligada ao Irã, sem o apoio do Iêmen, que é também uma república islâmica ligada ao Irã. Só por esses fatos, o papel revolucionário do Irã é gigantesco. Nunca houve antes no Oriente Médio uma força política com papel revolucionário tão destacado como o Irã. E olhe que, no Oriente Médio, nós tivemos vários governos nacionalistas. Vamos citar o mais famoso, o governo do Nasser no Egito. O governo Nasser no Egito, eles apoiaram um levante no Iêmen, fracassaram. Eles entraram em guerra contra Israel, mas não chegaram nem perto do que nós estamos vendo hoje no Oriente Médio.
O que está acontecendo hoje é inusitado. E eu acho, companheiros, que esse caráter da atividade revolucionária do Irã está sendo muito subestimado no nosso país. É uma atividade revolucionária inacreditável. O que nós vimos no enfrentamento do Irã com os sionistas nunca aconteceu na história. Desde a criação do fictício Estado de Israel em 1948, nunca aconteceu nada nem parecido com isso. É um acontecimento mundial de uma importância incalculável.
Vejam, nós somos trotskistas. O PCO é um partido trotskista. Trótski e Lênin deixaram absolutamente claro que, sem a luta dos povos oprimidos, a revolução mundial, a derrota do capitalismo é impossível. A classe operária dos países mais industrializados, mais desenvolvidos, necessita da aliança com todos os povos oprimidos pelo imperialismo — que é a forma atualmente existente do imperialismo — para derrotar o capitalismo em definitivo.
Nós temos que ter claro que, sem uma luta como essa do Irã, não há como se pensar em uma revolução mundial. O papel revolucionário da República Islâmica é muito grande, é gigantesco. Aqui eu queria aproveitar para fazer uma defesa do Irã diante de coisas que tenho ouvido, que eu acho necessário.
A primeira delas é o problema famoso da religião. O Irã é um país onde o clero xiita tem uma predominância muito grande sobre o regime político. Então, muita gente influenciada pela imprensa – não sei por que as pessoas ainda se deixam levar pela imprensa capitalista, que é uma usina nuclear de mentiras – procura apresentar como se fosse se, no Brasil, nós estivéssemos dominados pela Igreja Católica ou pelas igrejas protestantes. Mas a religião xiita não é o catolicismo. A religião xiita é a religião de povos oprimidos. Vocês viram aqui a música que a gente mostrou que tem alto caráter religioso, mas é um caráter religioso revolucionário. Não devemos nos confundir. Essa confusão é altamente prejudicial. O povo iraniano, 90% dele é xiita. 90%. Não é que eles são uma minoria. Se nós tivéssemos, no Brasil, um governo dominado por essas igrejas, seria um governo de minoria, porque a maioria do povo brasileiro não segue essas igrejas. Os iranianos, não. Eles são xiitas.
A religião xiita foi o veículo através do qual a maioria do povo iraniano combateu o regime criminoso, fascista do Xá Reza Pahlevi. Foi o clero xiita que dirigiu a revolução no Irã. Eles não chegaram depois para tomar o poder. Khomeini estava no exílio. Khamenei foi preso. Tem aí a biografia dele mostrando como ele foi perseguido pelo regime do Xá.
O clero xiita, na sua maioria, é um verdadeiro partido revolucionário no Irã. É religioso, não é comunista? Tudo bem, a vida é assim. Quantas vezes na história da humanidade a luta dos povos, a luta dos trabalhadores não se manifestou de forma religiosa? Até no Brasil, na América Latina, nós tivemos uma parcela do clero que era revolucionária. Nós temos padres da Igreja Católica, que é uma igreja profundamente reacionária, que foram dirigentes guerrilheiros na América Latina. Pegaram em armas.
A religião também é um veículo revolucionário, e é preciso distinguir entre a religião do imperialismo, o protestantismo e o catolicismo – a sede da Igreja Católica fica em Roma, um país imperialista, a sede mundial do protestantismo evangélico fica nos Estados Unidos — e o Islã. O Islã não é de um país opressor. É uma religião de povos que lutam em todos os lugares. E de todas as facções islâmicas, os xiitas são os mais revolucionários. Então, não devemos nos deixar enganar pela campanha caluniosa contra a religião islâmica.
Aí, surge, e não poderia deixar de surgir, o problema das mulheres. Nós não estamos na época do identitarismo, onde o imperialismo aparece como grande defensor das mulheres, o que é uma piada? Então, logicamente, vão atacar o Irã por causa das mulheres. Não é uma história nova, é antiga. Quando os russos fizeram a Revolução Russa, eles expropriaram as mansões, tiraram as pessoas da rua e colocaram as pessoas para morar nessas mansões. Então veio a história: “se você tiver uma casa, vai ter um monte de gente na sua casa…” Mas é lógico. Você vai deixar o pessoal morando na rua porque o outro quer ter uma vida luxuosa?
Nós temos que ver a realidade social. 70% das mulheres iranianas atendem a universidade. A vida do povo iraniano mudou substancialmente sob o regime da República Islâmica. A vida das mulheres, também. Na época do Xá, o povo iraniano era tratado como lixo. Um companheiro iraniano, que mora no Brasil, certa vez me disse que, em certos estabelecimentos comerciais, você encontrava uma placa que dizia assim: “proibida a entrada de cachorros e iranianos”. O povo iraniano não podia entrar. Era comparado a um cachorro.
O regime da República Islâmica deu uma dignidade para toda a população, inclusive para as mulheres. Não devemos nos deixar levar pelas aparências. Isso é campanha de desinformação, de calúnia do imperialismo. É preciso ver o que realmente está acontecendo. É preciso ver se a mulher iraniana hoje progrediu ou não. Porque a emancipação da mulher depende do progresso social da mulher. Não é um fenômeno de publicidade. Não adianta falar “ah, se fulano falar tal coisa contra a mulher, ele vai para a cadeia”. Isso daí não é nada. No Brasil, por exemplo, tem gente que está enfrentando pena de prisão por “discurso de ódio machista, misoginista”, sei lá que tipo de coisa. Então, a proteção da mulher seria maravilhosa. Mas, qual é a situação da mulher brasileira? Da mulher proletária, da mulher que está na favela, da mulher que está no campo? Qual é a situação dessa mulher? É a situação mais penosa possível. Então é uma farsa.
Nós não devemos aqui reproduzir coisas que são uma pura farsa. Queria também chamar a atenção de todos para o seguinte: esse procedimento do imperialismo não é novo. O imperialismo, o colonialismo europeu, sempre foi useiro e vezeiro em denegrir a imagem dos povos dos outros países. Então, eles iam à África e eles queriam que os africanos, que moravam lá, no meio do mato, fossem usar roupa. É uma mentalidade colonialista. Você não tem respeito pela cultura da pessoa.
Esses ataques ao Irã são uma falta de respeito. Tem que respeitar a cultura dos iranianos. Tem que respeitar a cultura dos palestinos. Ninguém é obrigado a ser aquilo você acha que ele deve ser. Isso é uma coisa do imperialismo. Nós temos que olhar com respeito, principalmente quando nós estamos tratando, como no caso do Hamas, de uma força revolucionária que está combatendo o monstro imperialista cara a cara, olho no olho, e sofrendo perdas inacreditáveis, sacrificando a vida por isso. Ou como os iranianos, que foram bombardeado por “Israel”, pelos Estados Unidos. Nós temos que ter respeito pelos povos. Nós podemos não concordar — eu por exemplo não sou religioso —, mas temos que respeitar. E essa campanha caluniosa é uma falta de respeito.
Os povos têm o direito — e nós temos de respeitar este direito — de encontrar o seu próprio caminho. Não posso eu aqui ir ao Irã e falar assim: “ah, vocês são todos religiosos, então eu acho que vocês têm que deixar de ser religiosos porque eu não acho a religião é uma coisa boa”. Não faz o menor sentido uma coisa dessa. É totalmente sem pé nem cabeça pensar uma coisa desse gênero. O Irã, nós vimos aqui a reticência de vários setores da esquerda em relação ao apoio ao Irã. Alguns simplesmente não apoiaram, o que, na minha opinião, constitui uma liquidação política do grupo. O imperialismo ataca o Irã e você não apoia, você já não tem o direito de dizer que é revolucionário, que defende a classe trabalhadora, nada. É absurdo. Uma tarefa que temos neste momento — e vamos ter claro: a crise está longe de ter acabado — é que é preciso defender com unhas e dentes o povo iraniano, a nação iraniana contra o imperialismo.
E essa defesa não é uma defesa que nós vamos simplesmente fazer em um ato público. Nós temos que fazer um trabalho de esclarecimento para a população, porque a campanha caluniosa é muito forte. Nós aqui enfrentamos uma enorme dificuldade para defender o Hamas. Ninguém queria defender o Hamas. Chegaram inclusive a tentar proibir que nós defendêssemos o Hamas no carro de som dos atos públicos. Vejam a audácia do PCO. Claro que o PCO não vai se calar porque um grupo de indigentes cismou que não quer defender o Hamas. Nós defendemos o Hamas, sofremos processo, vamos continuar defendendo o Hamas, nós somos a favor da resistência armada, nós somos a favor da luta armada contra o imperialismo. O imperialismo não vai ser derrotado com palavras. Isso não existe, isso não é real. O imperialismo vai ser derrotado pela força das armas.
Nós estamos aqui… eu quero falar uma palavrinha sobre o significado da derrota, que foi uma derrota esmagadora do sionismo, diante do poderio político e militar da nação iraniana. A imprensa logicamente quer que as pessoas acreditem que não foi assim, mas isso é uma bobagem. Basta ver que o pequeno Satã teve que chamar o grande Satã para entrar na briga porque estava apanhando muito. Quer dizer, chamou o pai para brigar. Todo mundo conhece essa história: quando o moleque chama o pai na escola é porque está apanhando, não está indo bem.
Queria dizer para vocês uma coisa que, na minha opinião, é fundamental. Nós assistimos aqui, nessas semanas que passaram, ao começo do fim do Estado de “Israel”. Isso é uma coisa, do ponto de vista da política internacional, da luta revolucionária, transcendental. Por que falo com toda segurança que a situação é assim? Pelo seguinte: o colonialismo se apoia numa disparidade de desenvolvimento. Você pega um país que tem alta tecnologia, invade a África, onde o pessoal está de tanga, de arco e flecha, e domina. Mas chega uma hora que o povo de tanga começa a dominar a tecnologia, começa a dominar a cultura do opressor. E aí, o colonialismo acaba. O colonialismo direto na África acabou por isso. Chegou uma hora que as forças do imperialismo não eram suficientes, dado o nível de desenvolvimento, ainda pequeno, suficiente para impedir a dominação direta do imperialismo.
“Israel”, a função dessa monstruosidade, é de ser uma base militar do imperialismo mundial naquela região. Para cumprir esse papel, ela precisa ter uma força esmagadora. O Irã mostrou que isso acabou, e isso acabou definitivamente.
Eles já não cumprem o papel para o qual eles foram criados. E isso não tem volta. Isso não vai ser modificado, isso não vai ser revertido. Pelo contrário, o que vai acontecer agora é que não apenas o Irã, como outros países da região vão se fortalecer em relação ao colonialismo, ao imperialismo. Então digo para vocês com toda segurança que, quaisquer que sejam as idas e vindas, as reviravoltas do processo político, esse pesadelo começou a acabar. Eu falei que a crise não se encerrou, e não se encerrou mesmo. Algumas horas atrás, o Trump declarou que “sim, eu posso voltar a bombardear o Irã”. Eu acho que, como nós temos visto, o governo Trump está se equilibrando sobre posições opostas. A base do seu movimento não quer a guerra. Há uma campanha enorme contra a guerra. No entanto, o imperialismo quer a guerra. Ele está espremido, e pode voltar a bombardear o Irã. Ele vai procurar evitar esse tipo de desenlace. Mas nós temos que estar de prontidão, como fizemos com a Palestina, para defender o Irã a todo momento porque a crise não terminou. Antes de melhorar, é bem provável que a situação volte a piorar. Nós vamos precisar esperar para ver se o ataque iraniano serviu para frear, pelo menos temporariamente, a ofensiva do imperialismo, porque o imperialismo está em uma contra-ofensiva depois das derrotas que sofreu.
Infelizmente, a queda do regime na Síria foi um desastre. Mas, eu acho que foi um desastre controlável. Vamos ver até onde o imperialismo é capaz de ir, até onde ele vai, mesmo no meio da crise.
O imperialismo é uma forma muito poderosa. Eu acho que muita gente não entende a dimensão do que é o imperialismo. Eles têm muitos recursos econômicos, muitos recursos militares. Por exemplo, a Alemanha, do dia para a noite praticamente, se constituiu na 4ª maior força armada do mundo. Estão se preparando para a guerra contra a Rússia. Aqui, nós vamos ter que enfrentar, na esquerda, os defensores da ideia do chamado “imperialismo russo”, para defender os russos contra o imperialismo europeu, porque eles estão se preparando para essa guerra.
A ordem do imperialismo seria a seguinte: Irã, Rússia, China. O Irã foi um fracasso. O que a gente, mesmo não sendo religioso, levantar as mãos para o céu. Temos que agradecer aos iranianos o que aconteceu. Tem uma importância difícil de calcular para a política mundial. Mas, a crise continua, e temos que repudiar qualquer tipo de ação agressiva do imperialismo, contra o Irã, contra a Rússia, contra a China ou contra qualquer outro país.
No mundo, só existe um imperialismo, que é o bloco imperialista: Estados Unidos, Europa e Japão. Não existe isso de “imperialismo russo”, isso de “imperialismo chinês”. Isso é confusionismo total. E nós não estamos em uma situação política onde nós podemos ficar hesitando na defesa daqueles que são agredidos pelo imperialismo. Nós estamos naquele momento em que a política tem que ser clara, tem que ser cortante, tem que ser dura. Pão, pão; queijo, queijo. Nós temos que nos opor ao imperialismo de maneira muito dura, muito integral.
Como foi aqui dito antes, essa luta que tem lá, é a mesma luta que nós temos aqui no Brasil. No Brasil, estão preparando aqui um verdadeiro golpe de Estado. Está na hora de falar as coisas abertamente. Nós alertamos aos companheiros do PT que esse tipo de coisa iria acontecer. Agora, está acontecendo. Esse golpe de Estado consiste no quê? Você tira os dois candidatos mais populares da eleição e você introduz uma pessoa que não tem voto. Ganhar uma eleição uma pessoa que não tem voto, é um golpe de Estado ou não? Claro que é. O funcionamento normal do regime é: o povo vota no seu candidato.
Nós temos que ficar muito atentos. Estão preparando uma espécie de governo Milei para o Brasil. Sionista, neoliberal ao extremo, repressivo. Essas lutas todas estão presentes aqui.
Não estamos lutando em defesa do Irã porque nós somos generosos. Estamos lutando em defesa do Irã porque estamos de braços dados na adversidade. Eles são nossos companheiros de luta. Por isso, companheiros, eu queria fazer um chamado a vocês, que é o seguinte: neste momento, nós temos que intensificar, ampliar, ao máximo possível nossa campanha para que o governo brasileiro rompa as relações diplomáticas e comerciais com o Estado de “Israel”. Nós temos que fazer desta campanha uma enorme campanha de agitação política no país inteiro. É a maneira concreta e imediata de combater o imperialismo. Isto tem que ser levado a todos os lugares. Nós temos que colocar cartazes nas ruas, nós imprimimos adesivos do “Netaniahu procurado”, adesivos do rompimento de relações com “Israel”, nós nem assinamos o cartaz ou o adesivo com o nome do PCO. Colocamos lá: “Comitês de Luta”. Quem quiser pregar, pode pregar, não vai estar fazendo propaganda para o PCO, vai estar fazendo campanha contra o sionismo. Os cartazes estão aí, peguem. Se as pessoas querem colaborar, entrem em contato. Está na hora de sair às ruas e de agir. Nós temos que montar uma contra-ofensiva em relação ao imperialismo e ao sionismo no Brasil.
O governo Lula, na minha modesta opinião, está nas cordas. E isso não é bom. Não é bom porque todo mundo vai sofrer se ele sofrer um ataque. Nós não queremos isso. Possivelmente, a gente não consiga evitar, mas nós temos que combater, nós temos que ir para cima. Mas nós temos que ir para cima com uma política independente. Nós temos que ir para cima com uma política que tenha apelo para o trabalhador, que tenha apelo para o povo. Algumas pessoas vão dizer: “ah, você quer pressionar o governo Lula para romper com ‘Israel’ e ele já está numa situação difícil”… Mas, pode parecer estranho para algumas pessoas, mas muitas pessoas vão entender: é uma campanha que, na realidade, ajuda o governo, porque é uma campanha contra os inimigos do governo. É uma campanha contra as pessoas que mantêm o governo refém. Assim como a campanha da dívida pública também é uma campanha de defesa. Na medida em que o governo Lula se situa no mesmo terreno de luta que nós, a luta contra os inimigos fortalece o governo. Eu ouvi de vários companheiros do PT, e isso me deu um alento, que estão falando o seguinte: é preciso mobilizar o povo. Exatamente. É preciso mobilizar o povo. É difícil? É difícil. Mas isso é uma consideração inútil. Nós temos que fazer. Nós chamamos esse ato aqui, nós não temos força para fazer um ato de 10 mil pessoas, mas nós estamos fazendo o ato aqui. Nós temos que fazer o que a gente pode fazer. E o que a gente pode fazer é importante.
Então, companheiros, está na hora de sair às ruas, ir para cima dos sionistas, que é a mesma coisa que ir para cima da direita, da direita bolsonarista e da direita não bolsonarista. É uma luta essencial. E, cada momento da luta, se for levado à frente com determinação, vai contar, acumulando, vai preparando o terreno, porque, no que diz respeito ao Brasil, o horizonte não está azul e com nuvenzinhas brancas. Está carregado. Muito obrigado, companheiros.