O artigo Pela paz. Pela vida, assinado por Jam Varela e publicado no sítio Vermelho neste 18 de junho, mostra o quão subserviente ao imperialismo estão determinados setores da esquerda brasileira.
Não se pode falar em paz sem nomear os agressores, portanto, é completamente lamentável um olho de matéria que diz “conflito entre Israel e Irã agrava crise humanitária, atinge civis inocentes e amplia o sofrimento do povo palestino”.
É verdade que existe um conflito entre “Israel” e Irã, mas o primeiro está agredindo, isso não pode ser deixado de lado. Os sionistas estão chacinando os palestinos, bombardeiam o Líbano, a Síria, o Iêmen, e agora arranjaram de bombardear os iranianos. Do modo como foi escrito o olho do texto, a culpa recai sobre quem também está sofrendo uma agressão criminosa.
Em seu primeiro parágrafo, o texto diz que “em pleno século XXI, assistimos o desenrolar de mais uma tragédia humana que poderia ter sido evitada. A guerra aberta entre Israel e Irã, iniciada em junho de 2025, é mais do que um confronto entre nações; é uma agressão direta aos direitos humanos e à dignidade de milhares de pessoas inocentes”.
Sim, poderia ter sido evitada, se sionistas não tivessem bombardeado. Mais uma vez, o autor de coloca o Irã como responsável pelo conflito, o que é absurdo. O que ele propõe, que um país seja atacado covardemente e não responda?
No segundo parágrafo, Varela afirma que “a cada dia que passa, os números de mortos e feridos crescem. As bombas e os mísseis atingem crianças, idosos, trabalhadores comuns, pessoas que têm apenas o desejo de viver em paz. Famílias são destruídas, cidades são devastadas com cicatrizes marcadas por gerações”.
É verdade, e aqui vão dois exemplos: o cientista nuclear iraniano, Dr. Seyyed Mostafa Sadat Armaki, sua esposa, Fahmieh Moqimi, suas duas filhas, Rehyane, de 15 anos, Fatemeh, de 8, e seu filho, Ali, de 5, foram mortos em um ataque israelense em Teerã.

Outro cientista nuclear, Dr. Sadghi, foi martirizado ao lado de 12 membros de sua família.

Falar de maneira genérica de números de mortos e feridos é uma forma de proteger os agressores. Ninguém vai comemorar os civis mortos em “Israel”, mas foi o governo desse braço armado do imperialismo que atacou. Aliás, vem atacando e deixando uma pilha gigantesca de mortos no Oriente Médio, especialmente na Palestina, onde se especializou em matar mulheres e crianças.
Os nomes aos bois
Mais adiante, o autor alega que “é inconcebível que, num mundo que se diz civilizado, o diálogo e a diplomacia continuem sendo substituídos por armas e destruição. O direito à vida, à segurança, à liberdade e à dignidade – pilares consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos – estão sendo brutalmente violados”. Certo, mas as perguntas são: quem está violando? Quem está destruindo? Por que Varela não nomeia quem está cometendo essas atrocidades? Qual é a dificuldade de dizer que isso é obra do sionismo?
Varela argumenta que “além da tragédia imediata, essa guerra também intensifica o sofrimento de outro povo historicamente afetado: os palestinos. O conflito agrava ainda mais a situação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, alimentando ciclos de violência que dificultam qualquer avanço na luta legítima por um Estado Palestino soberano e reconhecido”. E mais uma vez não diz quem é o agressor.
Jam Varela omite que o Irã é o maior defensor dos palestinos. Um dos motivos do ataque sionista é justamente o apoio que os iranianos prestam ao povo que por quase um século vem sendo assassinado e tendo suas terras roubadas pelos genocidas sionistas.
Do modo como foi escrito o parágrafo, o Irã, apesar de todo o apoio, acaba sendo culpado pelo sofrimento do povo palestino. Uma posição inaceitável.
Solução falaciosa
O autor afirma que “A esperança por uma solução de dois Estados, baseada em diálogo e coexistência pacífica, fica cada vez mais distante”. Essa tal “solução” não existe, é uma mentira que se costuma repetir, mas que não tem fundamento. Os sionistas não querem saber da solução de dois Estados, a intenção deles é colonizar a região e expulsar dali os palestinos, que eles acusam de querer atirar os israelenses no mar.
Os sionistas não podem conviver com essa “solução”. Uma breve leitura de textos de sionistas revisionistas, como Jabotinsky, eliminam qualquer dúvida sobre o assunto. A ideia, desde sempre, foi o da colonização.
Choradeira “pacifista”
Varela, no penúltimo parágrafo, escreve que “é urgente que a comunidade internacional, os organismos multilaterais e principalmente os próprios governos de Israel e Irã, compreendam que a guerra só gera mais violência, fome, deslocamentos forçados e miséria”. Mais uma vez coloca o governo iraniano como responsável pela guerra.
Se o autor está realmente preocupado com a miséria, deveria atacar o imperialismo, que impõe duríssimas sanções econômicas contra o Irã.
Finalizando a lenga-lenga pacifista, Varela escreve que “devemos, mais do que nunca, levantar a bandeira da paz. A luta deve ser por cessar-fogo imediato, por negociações abertas, pela proteção dos direitos civis. A guerra nunca será a resposta. A vida humana, a paz e os direitos fundamentais precisam ser, sempre, a prioridade absoluta”.
O cessar-fogo, é bom que se diga, foi pedido pelos sionistas, que não esperavam a resposta contundente dos iranianos. O Irã se firma agora como a potência militar regional, desbancando “Israel”. A derrota contundente do sionismo vai animar os povos da região a enfrentarem os genocidas bancados pelo imperialismo.
Finalmente, esse texto usa os palestinos como pretexto para atacar o Irã, equiparado a seu agressor. Se Varela estivesse realmente preocupado com os palestinos, deveria ter usado seu texto para atacar o sionismo e, principalmente, apoiar o Irã, país que tem se destacado em defender os palestinos e outros países agredidos pelos genocidas de nosso tempo: os sionistas.