
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) escancarou o jogo de interesses por trás da derrubada do decreto presidencial que corrigia distorções nas alíquotas do IOF. Segundo a parlamentar, a medida proposta pelo Governo Lula não representava um aumento de impostos para a população, mas sim, um avanço concreto na direção da justiça tributária. “Quem é que tem R$ 600 mil no ano para investir em previdência privada? Estamos falando dos muito ricos. E por que eles não podem pagar imposto?”. Erika discursou na última quinta-feira (26/6), durante a sessão na Câmara Federal.
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O loby de bolsonaristas com milionários
Erika criticou duramente a narrativa da oposição, que tentou associar o decreto à penalização das classes populares. “Falaram que isso atingiria quem faz crediário nas Casas Bahia. Mentira! Não atinge a população em geral, só quem tem cartão internacional e opera com câmbio”, afirmou. A parlamentar ainda lembrou que, no governo Bolsonaro, a alíquota do IOF sobre essas operações era de 6,38%, mais alta do que os 3,5% estabelecidos pelo decreto de Lula, e mesmo assim, não houve protestos dos mesmos parlamentares que agora alegam ‘extorsão’.
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A deputada destacou ainda o contraste entre o zelo com que a extrema-direita protege os milionários e o descaso com os mais pobres. “Eles votaram contra a isenção da cesta básica. Votaram para manter imposto no arroz, no feijão, mas defendem que grandes empresas e pessoas riquíssimas paguem menos que a ‘D. Maria’ ou o ‘Sr. João’. Que lógica é essa?”.
Oposição despreza os mais pobres
A sessão que derrubou o decreto foi realizada de forma virtual, com inclusão da pauta quase à meia-noite anterior, anunciada primeiro pelo Twitter do presidente da Câmara. Para Erika, essa manobra expôs o desprezo pelas demandas populares. “Colocaram essa matéria na calada da noite, com uma pauta que retira R$ 12 bilhões do orçamento, dinheiro que iria para saúde, educação, Bolsa Família. Isso não é derrota do governo. É derrota do povo brasileiro”.
Manutenção do pacto de privilégios
No desfecho de seu discurso, a deputada reafirmou a necessidade de romper com o pacto de privilégios mantido pelas elites. “Nós não queremos mais um país onde os ricos são afagados e os pobres apedrejados. Queremos justiça tributária. Chega de milionários que não pagam impostos enquanto o povo sustenta esta nação com suor e sacrifício”, pontuou.
“O que vimos ontem foi crueldade. Eles estão de costas para o povo e abraçados com os super-ricos deste País”, concluiu Erika.
Elisa Alexandre