
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, afirmou que a captura e o processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) podem levar meses para serem concluídos. Condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli está foragida na Itália desde 5 de junho, quando teve seu nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol.
“Ela se encontra foragida. Depois de quase três semanas, não se tem ainda nenhuma informação concreta da localização dela. Nós temos acompanhado a investigação junto às polícias italianas para possibilitar o cumprimento desse mandado de prisão”, disse Mosca em entrevista ao Uol.
O embaixador entregou o pedido de extradição ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Itália em 12 de junho, mas o caso ainda não avançou.
Mosca revelou que as autoridades receberam informações de que Zambelli e seu marido, o secretário municipal de Caucaia (CE), coronel Aginaldo Oliveira, teriam alugado um apartamento em Roma e depois seguido para a região de Nápoles. No entanto, nenhuma das pistas foi confirmada até o momento.
O embaixador explicou que o processo de extradição é complexo e pode se estender por até um ano, incluindo análises jurídicas e políticas. “As pessoas tendem a focar nessa captura por ser uma pessoa pública, mas está dentro dos padrões. Isso pode levar 30, 60, 90 dias. Não é um caso que vai se resolver em uma ou duas semanas”, disse.
Mosca destacou que, após a eventual prisão, a Justiça italiana avaliará o crime pelo qual a deputada foi condenada no Brasil, incluindo garantias sobre as condições carcerárias que ela enfrentaria. “A Justiça italiana vai requerer do Brasil garantias no que diz respeito às condições carcerárias que ela terá no Brasil, qual o tipo de tratamento e os direitos que ela terá. Não há uma previsão”, completou.

Questionado sobre a possibilidade de politização do caso, considerando que Zambelli é aliada da extrema-direita no Brasil e a Itália é governada pela primeira-ministra Giorgia Meloni, também de direita, Mosca afirmou confiar nos acordos de extradição entre os dois países. “O processo é jurídico e técnico e será decidido pelas autoridades judiciais italianas”, disse.
A bolsonarista entrou na Itália poucas horas antes de seu nome ser incluído na lista da Interpol. “No final da tarde [do dia 5], esse pedido entrou em vigor. Desde então, a situação permanece assim. Ela é foragida da Justiça internacional, tem sido procurada, mas depende, enfim, do momento que isso vai acontecer”, explicou Mosca.
Atualmente, não há um mandado de busca contra a deputada, o que significa que ela só pode ser detida em locais públicos, não em sua residência. “Enquanto ela estiver em locais que representem o seu domicílio, ela não pode ser presa”, afirmou o embaixador.
Mosca também ressaltou que a embaixada trata o caso com a mesma atenção dedicada a outros 15 pedidos de extradição pendentes. “No caso da Zambelli, cria-se uma repercussão maior, mas temos muitos casos que acompanhamos com o mesmo cuidado e atenção”, disse.